MUDAnças que fazem cair info-exclusão

Reduzir o número de portugueses que nunca utilizaram a Internet e simultaneamente aumentar o número de utilizadores com competências avançadas. É esta a ambição do MUDA – Movimento pela Utilização Digital Ativa, iniciativa promovida por um conjunto de empresas dos vários sectores da economia, universidades e pelo Governo Português. Assumiu o compromisso de incentivar a participação dos portugueses no espaço digital e ajudar a tirar partido dos benefícios associados à utilização de serviços digitais, disponibilizados por empresas e pelo Estado, contribuindo para um país mais avançado, inclusivo e participativo.

Em 2016, segundo dados da Comissão Europeia, o estado do País era traçado em algumas percentagens: 71% dos portugueses usava internet, 26% nunca tinha usado a internet, 29% usava a banca online, 59% fazia pesquisa de produtos e serviços online, 45% interagia com serviços públicos digitais, 52% utilizava redes sociais, 31% fazia compras online e 28% tinha competências avançadas. Foi este o cenário base de que partiu o MUDA.

Hoje, verifica-se já uma evolução significativa de alguns destes indicadores. Segundo dados do 1.º Barómetro GFK-MUDA – estudo realizado entres dias 8 e 12 deste mês e que analisou hábitos e comportamentos digitais dos portugueses utilizando uma amostra de 800 indivíduos com 15 ou mais anos -, os portugueses que nunca utilizaram a internet ficam-se pelos 19% da população (quando em 2016 se situava nos 26%), sendo que mais de metade destes tem mais de 64 anos. A principal razão apontada para esta não utilização é o facto de não saber usar a internet.

«O aumento do número de portugueses que passou a utilizar a internet é particularmente significativo no último ano e é um passo fundamental para tornar Portugal num pais mais avançado e inclusivo. Ficamos animados com estes resultados, mas o facto de existirem tantos portugueses que não estão ainda a beneficiar dos serviços digitais do Estado e das empresas é algo que nos continua a preocupar e justifica plenamente que, em 2018, o MUDA aposte ainda mais em iniciativas de proximidade que permitam aumentar as competências digitais dos portugueses», afirmou Alexandre Nilo Fonseca, director-executivo do MUDA, salientando que mais de meio milhão de pessoas passaram a usar internet neste ano.

Outro dado revelado pelo Barómetro GfK-MUDA é que a maioria dos utilizadores de internet em Portugal sabe que pode receber facturas electrónicas, fazer pagamentos, fazer compras e aceder ao seu banco através dos meios online, mas apenas menos de metade utiliza efectivamente essas funcionalidades.

«Queremos aumentar o número de portugueses que utiliza serviços digitais das empresas e do Estado. Receber facturas electrónicas, fazer pagamentos e compras e aceder ao banco através dos meios online permitirá aos portugueses terem mais tempo para si. Em 2018, o MUDA irá continuar a desenvolver iniciativas que dinamizem a utilização mais sofisticada da internet pelos Portugueses», acrescentou Alexandre Nilo Fonseca.

Notoriedade a crescer

MUDAUm ano volvido desde a apresentação do MUDA, cerca de 10% dos portugueses afirma conhecer ou já ter ouvido falar do MUDA. Esta notoriedade é superior no segmento etário acima dos 45 anos e também é mais notória na zona Centro, onde se concentrou a maioria das acções MUDA no terreno, nomeadamente o roadshow. O MUDA esteve em 11 localizações, em Portugal, entre Agosto e Dezembro de 2017 com uma tenda, onde milhares de portugueses tiveram a oportunidade de assistir a aulas sobre as vantagens de utilizar a internet, receber apoio personalizado e experimentar novidades tecnológicas como realidade virtual e aumentada. Um trabalho que foi tendo eco na televisão e que permitiu explicar também o funcionamento da Chave Móvel Digital (um meio alternativo para cada pessoa se autenticar e aceder a serviços em portais e sites na Internet de entidades públicas e privadas com recurso ao seu telemóvel ou e-mail).

Alexandre Nilo Fonseca salienta que mais de um milhão de portugueses foram impactados pelo MUDA neste primeiro ano – entre eventos no terreno, programas em directo em televisão, publicidade e, como não podia deixar de ser, redes sociais e outros meios digitais como o site MUDA.pt. Este responsável lembra que o MUDA conta hoje com mais de 30 parceiros que, em conjunto, chegam todos os dias a milhões de portugueses nomeadamente através dos mais de cinco mil pontos de contacto com a população e dos seus 120 mil colaboradores que são, também, influenciadores.

Este ano, o segundo de actividade do MUDA, o movimento promete voltar a percorrer o País já a partir do Verão em mais de 30 locais, em espaços comerciais da Sonae. E, se no primeiro ano o foco maior estava nas pessoas que nunca tinham utilizado a Internet, este ano o foco será em aumentar o número de utilizadores com competências avançadas.

Está ainda em marcha o plano de acção “Digital By Default”, assente num conjunto de recomendações para alteração da legislação que permita retirar os obstáculos normativos que impedem um maior nível de desmaterialização na relação entre empresas e consumidores, bem como na relação entre empresas e o Estado. O “Digital By Default” assenta em três eixos: Comunicações Electrónicas “by Default”; Digitalização dos arquivos; e Implementação de ID electrónico comum para o Estado e Empresas – a Chave Móvel Digital.

Está ainda prevista o alargamento da rede nacional de voluntários MUDA – que desafia os jovens a ajudar as pessoas do círculo familiar que não sabem utilizar a internet ou a ajudar a fazer uma utilização mais avançada da internet. Esse alargamento passará pelas escolas secundárias e pelo envolvimento dos alunos com a comunidade na qual estão inseridos.

Mas há mais. O MUDA vai passar a ter presença diária na RTP no programa “MUDA num minuto”. «Acreditamos que terá um impacto muito significativo», comenta Alexandre Nilo da Fonseca.

Texto de Maria João Lima

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