MIMO: «O festival brasileiro mais português que existe»

Custódio Castelo é o único nome português entre as primeiras confirmações do festival MIMO, nascido no Brasil há 12 anos mas que se prepara para aterrar em Amarante já em Julho com entrada gratuita para todos. Contudo, Lu Araújo, criadora e directora-geral do MIMO, garante que este é «o festival brasileiro mais português que existe». A explicação prende-se com aspectos como a língua e a valorização do património mas também com o facto de o festival ter vindo a ocupar espaços da arquitectura colonial portuguesa. É que o MIMO, realizado pela primeira vez em Olinda no estado de Pernambuco, distribui a sua programação pelos cantos das localidades que vai invadindo.

Em Amarante, cidade escolhida para a primeira aventura internacional do MIMO, as 33 actividades planeadas vão acontecer em locais como as Igrejas de São Gonçalo e São Pedro, o Museu de Amadeo Souza-Cardoso e a Casa da Portela. Lu Araújo conta à Marketeer, à margem da apresentação do festival, que são esperadas cerca de 25 mil pessoas nesta primeira edição portuguesa marcada para entre 15 e 17 de Julho.

Mais conhecido pelos concertos que apresenta, o festival brasileiro tem também uma vertente educativa, um cartaz de cinema e iniciativas relacionadas com poesia. Tom Zé, Vieux Farka Touré e Pat Metheny e Ron Carter são as restantes confirmações conhecidas no campo da música. Já no cinema, uma homenagem aos 80 anos de Tom Zé e uma mostra com os melhores filmes exibidos nos últimos anos do MIMO no Brasil fazem parte dos destaques. A directora-geral do festival salienta ainda que o ciclo de cinema apresenta filmes que ainda não entraram no circuito comercial e que, por isso, representam uma oportunidade para os visitantes.

O lado poético do evento dá de si com a Chuva de Poesia, iniciativa herdada do Brasil e que consiste no lançamento de milhares de poemas impressos em pedaços de papéis coloridos do alto das torres das igrejas. O festival pretende prestar tributo, desta forma, aos poetas portugueses. Na programação há ainda espaço para novas aprendizagens: workshops, masterclasses e palestras realizadas pelos cabeças-de-cartaz.

E apoios?

As parcerias do festival MIMO em Portugal são formadas essencialmente com entidades da região que vêem com bons olhos a chegada de um evento do género a Amarante. Além do apoio da Câmara Municipal da cidade, o MIMO conta também com o Turismo do Porto e Norte, Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e com a comparticipação financeira do programa Portugal 2020. A Fundação Millennium bcp desempenha o papel de mecenas do serviço educativo.

Quanto a marcas, o cenário foi mais complicado: «Estamos a construir essa relação. Acho que não existe em Portugal um festival que não tenha uma marca e, então, elas já estão todas comprometidas. E também chegámos um pouco tarde (Novembro de 2015) para a organização, pelo que já não estava previsto o envolvimento de grandes marcas. Mas tivemos várias grandes marcas interessadas e acho que vamos continuar a discutir para fechar para o próximo ano.»

Para já em Amarante, depois noutras cidades talvez. A responsável garante que existe a vontade, até porque no Brasil o MIMO também é realizado em várias cidades (Rio de Janeiro, Tiradentes, Paraty). Apesar de este ser um festival tem que ser pensado de forma muito cuidadosa, até porque toda a programação é gratuita, Lu Araújo parece confiante na ideia de expandir o evento: «Mas acho que temos uma hipótese, sim, de expansão. Podemos criar talvez um circuito de cidades na região Norte.»

Texto de Filipa Almeida

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