“Made in Italy”: Em que fase está a investigação à Dior e Armani por condições de trabalho ilegais?

Há cerca de um ano, em julho de 2024, procuradores italianos abalaram a indústria de luxo ao iniciarem uma investigação sobre abusos laborais nas cadeias de fornecimento do setor, implicando a Armani e a Dior.

As autoridades descobriram um sistema de exploração tão enraizado que poderia ser considerado uma estratégia empresarial focada exclusivamente no lucro. Foram previstas novas investigações sobre várias marcas, mas, como relata o site The Business of Fashion, até agora não foram feitas propostas de novas acusações.

O setor tem vindo a reforçar o controlo sobre os fornecedores externos, tendo a Armani conseguido recentemente a dispensa de supervisão judicial após implementar melhorias nos seus processos. Já a LVMH, responsável pela Dior, ainda está sob avaliação.

Atualmente, os líderes da indústria e autoridades locais estão a desenvolver um protocolo para a região da Lombardia, destinado a evitar abusos futuros. No entanto, os críticos alertam que as medidas propostas, por serem voluntárias e regionais, podem não resolver os problemas estruturais do setor.

As marcas de luxo sempre alegaram que suas cadeias de produção eram livres de exploração, devido à forte ligação ao fabrico italiano. No entanto, o sistema de produção do país é fragmentado, permitindo subcontratações difíceis de localizar. Algumas não implementam controlos estratégicos, favorecendo lucros sem comprometer a imagem do “Made in Italy”.

A Armani e a Dior atribuíram as irregularidades descobertas a falhas isoladas nos seus sistemas de controlo. Até agora, e apesar da falta de novas investigações, o escândalo levou as marcas a fortalecer auditorias e restrições aos fornecedores. A Armani, por exemplo, implementou mudanças significativas, como formação sobre conformidade, auditorias bienais e um novo órgão de supervisão, recebendo elogios pelo seu esforço rápido e eficaz.

Entretanto, o governo italiano está a criar um protocolo para melhorar o controlo das cadeias de segurança, com normas para garantir padrões laborais e fiscais. Ainda assim, a participação será voluntária e limitada à Lombardia, o que não resolve inteiramente o problema

O setor enfrenta desafios num contexto de recessão, com o encerramento de milhares de fábricas em Itália no último ano. Enquanto alguns defendem o novo protocolo como um passo positivo, outros veem a burocracia aumentar sem resolver os problemas divertidos

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