Lisboa precisa de novos fluxos de turismo

Existem turistas que viajam até Lisboa mas que procuram zonas com menos turistas. A opinião é de Vítor Costa, director-geral da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), que afirma que tal é o resultado da centralidade e que é necessário contornar a situação.

No Fórum do Turismo organizado pela Marketeer e Viagens & Resorts, o responsável da ATL defende a necessidade de uma maior promoção e dinamização da experiência local em diversas zonas. «Felizmente já se regista uma evolução, como a construção de hotéis na Avenida Almirante Reis, por exemplo, algo impensável há uns anos. É ainda de salientar o dinamismo verificado em espaços como o Parque das Nações ou a zona entre Lisboa e Belém», referiu Vítor Costa, numa mesa redonda assente na temática “A Sustentabilidade do Turismo em Lisboa», que contou também com a participação de Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação de Hotelaria Portuguesa (AHL) e Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), tendo o debate sido moderado por Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APVT).

Cristina Siza Vieira suporta esta afirmação, referindo que «uma cidade que morre não volta a crescer. Isto não é cíclico. É necessário monitorizar o volume de turistas porque se os próprios sentirem que existem turistas a mais, a actividade vai começar a morrer».

Ana Jacinto concorda com a opinião e vinca que é necessário existir uma resposta à procura. «Há desafios a acontecer e temos de fazer frente aos mesmos», refere a responsável. E dá como exemplo o programa Quality, concebido para apoiar e proporcionar várias ferramentas aos empresários de alojamento, para que possam enfrentar aos desafios existentes.

Contrariar a centralidade

De forma a criar um fluxo de turistas em novos locais, Vítor Costa refere que a criação de um parque temático na zona periférica de Lisboa seria uma boa oportunidade para tal. Também a criação de um novo centro de congressos, que pudesse suportar uma quantidade de visitantes superior à dos existentes na cidade, foi uma das alternativas que surgiram no debate. Para Cristina Siza Vieira, tal significaria um aumento de turistas na cidade, até porque a responsável da AHL refere que o turismo está muito dependente de eventos que acontecem em Lisboa e que trazem muitos visitantes estrangeiro, como o Web Summit, por exemplo. No entanto, alerta: «O desafio não seria construir um centro de congressos, mas sim mantê-lo. É necessário averiguar se existem todas as condições para assegurar um grande congresso em Portugal, como o alojamento dos visitantes e as deslocações dos mesmos. A mobilidade e a funcionalidade são fundamentais para a boa operação do Turismo e tem de haver uma aposta para dinamizar ambas as temáticas», refere Cristina Siza Vieira.

Vítor Costa defende que faltam condições para eleger Portugal como um palco de grandes congressos. «Conseguiríamos ter um grande congresso em Portugal, mas com custos acrescidos fruto da falta de condições, o que obrigaria a adaptações. No entanto, se quiséssemos ter um evento em Lisboa, no mês de Agosto, que movesse 30 aviões com visitantes, não teríamos capacidade para tal», salienta.

Segundo a presidente executiva da Associação de Hotelaria Portuguesa, o Turismo em Lisboa necessita de proporcionar às empresas um cenário favorável para que haja folga para o investimento e inovação. «Tem de haver uma actualização da oferta pois isso é fundamental para a promoção de Lisboa enquanto destino turístico», vinca.

Para terminar, Pedro Costa Ferreira sumarizou a situação do Turismo em Lisboa, referindo que «existem dores de crescimento no Turismo pelo que ainda há muito a fazer. Mas podemos mostrar-nos optimistas com o trabalho que tem sido desenvolvido».

Texto de Rafael Paiva Reis

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