ISCSP: Formar gestores de Comunicação

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A próxima edição da pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital do ISCSP será renovada, com novos conteúdos programáticos e novos formadores, mas o mesmo propósito.

A 7.ª edição da pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) será completamente renovada para responder às necessidades dos alunos, tanto os que chegam recém-licenciados, como os que já têm mais conhecimento do mercado e da realidade digital actual. Esta edição conta com novos formadores, melhorias nos conteúdos dos módulos, pensados de acordo com o feedback que a coordenação tem tido por parte dos alunos e dos próprios formadores. Em entrevista à Marketeer, David Monteiro, coordenador executivo da pós-graduação, explica as novidades a caminho.

No próximo ano lectivo, a pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital do ISCSP será renovada. Que novidades serão introduzidas no curso?

Para a 7.ª edição criámos um módulo introdutório sobre Comunicação Estratégica e os fundamentos de Digital Intelligence que suportam o apoio à decisão e ao planeamento. Orientámos o módulo de Ética e Direito focalizando- o na propriedade intelectual, privacidade e dados pessoais. Demos força ao módulo de Plataformas e Estratégia Editorial, dados os desafios permanentes em elaborar conteúdos diferenciadores, ajustados aos meios e formatos tão diversificados. Além disso, retomámos a integração de workshops temáticos e desenhámos um novo módulo dedicado ao Inbound Marketing, a fim de apoiar a integração de todos os conteúdos abordados na pós-graduação e proporcionar uma visão holística e multidisciplinar da Estratégia Digital. O curso está organizado numa estrutura modular em que, na prática, a soma de todas as abordagens equivale ao desenho dos elementos que consideramos críticos na definição de um projecto de comunicação digital.

Porquê esta decisão, nesta altura?

Ao fim deste tempo, apesar do sucesso recorrente deste projecto ao nível da procura e taxa de concretização de 100%, não estaríamos a cumprir com rigor o papel da academia: actualizar-se e inovar para responder com maior qualidade ao mercado. Ironicamente, o curso acabou por ser reorganizado à entrada nesta situação pandémica. O que nos levou a reflectir ainda mais sobre a validação dos assuntos que nos parecem críticos do ponto de vista da estratégia digital. Repare-se, entre todos os outros, a relevância de um módulo como Comunicação Interna e People Engagement com os desafios do teletrabalho, que não imaginámos ser-nos imposto desta forma.

Que novidades ao nível da escolha do corpo docente?

A preocupação foi sempre garantir uma forte presença de pessoas no corpo docente com currículo robusto e com know-how da realidade prática com provas dadas. São três reforços sobre os quais temos a melhor expectativa: o Miguel Moreira Rato, CEO do Grupo Adagietto, com um caminho extraordinário e uma visão aberta do mundo, além de um percurso sólido nas bases daquilo que é a Comunicação; o Eduardo André, head of Social Media do jornal “Observador”, que tem uma vasta experiência em formação executiva; e o Márcio Miranda, e-Commerce manager & Digital Analytics no Grupo Nabeiro, com um domínio e uma procura permanente de superação nestas áreas.

Em que medida é que este programa visa preparar os alunos para as novas tendências do sector e para a exigência e abrangência do Marketing Digital?

Acima de tudo, diria que esta pós-graduação distingue-se pelo foco: a Comunicação Estratégica em ambiente digital. É um produto pioneiro, com um posicionamento claro, de forma a demarcar-se do mercado saturado da oferta em Marketing Digital. Nós acreditamos que é necessário enfoque em vectores críticos do Marketing.

A base do Marketing será sempre alicerçada em clássicos com actualizações, mas a complexidade do ambiente digital exige que os recém-licenciados ou os profissionais se especializem. Em última instância, cada módulo deste curso daria por si só uma pós-graduação independente, tal é a complexidade.

A quem se destina este curso?

Temos dois focos muito claros: oferecer valor a recém-licenciados nas áreas de Ciências da Comunicação e áreas de afinidade que procurem uma dimensão formativa mais aplicada e que os prepare para o mercado; e profissionais que ambicionam uma requalificação/ reposicionamento, ou lidam com questões de gestão da Comunicação. Contudo, não limitamos a áreas de proveniência com background formativo específico. Acreditamos que a Comunicação é transversal à estratégia de uma organização e os processos de virtualização e digitalização não podem estar confinados em departamentos. A pós-graduação conta ainda com um módulo de Workshops de Comunicação Digital Aplicada.

Quais os destaques? E de que forma complementam o plano de aulas?

O módulo de Workshops é uma tentativa de permitir aos alunos que fiquem com noções de temáticas de grande relevância no curso, mas que, pela natureza modular, não conseguimos dedicar um módulo inteiro. Além de que lhes permite ter contacto com convidados externos e temáticas para discussão. Daí a importância de termos connosco alguém como o Miguel Moreira Rato para nos ajudar a dinamizar este espaço.

Com uma vantagem: este módulo é aberto aos alumni da pós-graduação, dado que os temas serão sempre diferentes de edição para edição. Temos previstos para a próxima edição os seguintes workshops: Agências, Influencers e e-PR (Relações Públicas); briefing para equipas criativas e comunicação integrada; e- -Commerce e Consumer Journey; modelos de negócio e new media; Publicidade online: estratégia; formatos e acção; Inteligência Artificial, Big Data e Cibersegurança.

Como é que o ISCSP se adaptou a este contexto de pandemia e como poderá afectar o próximo ano lectivo?

As decisões são demoradas e imprevisíveis no contexto actual. E nunca nos parecerão as melhores até ao fim da pandemia. Costumo dizer que o planeamento é um acto imperfeito por natureza, porque deve ser ágil o suficiente para nos permitir integrar o imprevisto. Mas até ao momento, graças às condições que foram criadas no ISCSP e com a qualidade das instalações que tem, conseguimos, em sala de aula, cumprir todas as regras emanadas pela DGS para um sistema presencial que, para uma formação como esta, continua a ser crucial.

Depois, definimos uma opção ligeiramente contrária ao mercado da formação nesta área: nos últimos anos limitámos o número de alunos a turmas de 20, precisamente porque o foco é a personalização e o acompanhamento próximo com cada aluno. Esta dimensão de turma, nas condições actuais, é perfeitamente acautelada nas instalações.

A pandemia veio, de uma forma geral, acelerar a digitalização da economia portuguesa. Também por isso, esperam para os próximos anos um interesse ainda maior nesta pós-graduação?

Em Portugal, o discurso progressista da digitalização da economia não acompanha, infelizmente, o nível de literacia digital de grande parte dos profissionais. Confundimos desmaterialização com comunicação. Atribuímos ao digital um selo de garantia de sucesso. Errado. E isso levou a que, de repente, se passasse a olhar para a discussão sobre o teletrabalho e o ensino à distância como um “tudo ou nada”. E pensar que, de repente, todos temos que estar online, é já o primeiro erro que cometemos. Esta pandemia deixou clara a ausência de estratégia de médio/longo prazo no que respeita à presença digital das marcas. Umas souberam reinventar-se e reagir com criatividade.

E, passado o entusiasmo, no pós-Covid já se fala que a maioria dos líderes quer que volte tudo a como era antigamente. O sucesso da digitalização da economia não é normativo, é essencialmente cultural. E esta base de literacia digital é crítica para o sucesso das organizações de hoje. O discurso de que o “digital é o futuro” é sinal de uma enorme ignorância de quem lidera. Num mercado tão saturado como é o Marketing Digital, o ideal não é somar certificados. É investir em formações, esta ou outras que existam, que dêem a certeza de confiança e que permitam alicerçar com maior confiança o know-how nestas matérias. Uma coisa é certa: não cederemos ao espírito mercantilista da formação em Marketing Digital, comprometendo rigor e disponibilidade para cada um dos nossos alunos. Nunca, como hoje, a formação em soft skills, em Ciências Sociais e, particularmente, em Comunicação, tiveram tanto significado num contexto de inevitável virtualização global.

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