
Hermès ultrapassa LVMH e torna-se a marca de luxo mais valiosa
Em 2010, o CEO bilionário da LVMH, Bernard Arnault, chocou o mundo corporativo ao adquirir uma grande participação na Hermès. Foi visto como uma tentativa de assumir o controlo da empresa. Mas a família Hermàs reagiu. Uniram-se para defender a sua marca e acabaram por fazer com que Arnault vendesse as suas ações.
Numa grande reformulação no mundo do luxo, a marca francesa Hermès tornou-se a empresa mais valiosa de França, ultrapassando a sua rival de longa data LVMH, noticiou a Bloomberg.
Hoje, o valor de mercado da Hermès atingiu os 243,65 mil milhões de euros, um pouco mais do que os 243,44 mil milhões de euros da LVMH. Este salto surpreendente colocou a Hermès no topo do índice bolsista CAC40 de França, embora a LVMH tenha sido sempre o nome mais importante.
Este marco surge numa altura em que a LVMH enfrenta dificuldades com a queda da procura em mercados importantes como a China e os EUA. As suas ações caíram depois de a empresa ter divulgado resultados mais fracos do que o esperado para o primeiro trimestre de 2024, aumentando a pressão no meio das crescentes preocupações sobre uma possível guerra comercial.
A Hermès, com as suas icónicas carteiras Kelly e Birkin, seguiu um caminho diferente ao longo dos anos. Manteve a sua empresa mais pequena, visando os super-ricos, e manteve um sentido de exclusividade. Esta abordagem, embora mais lenta, tem sido bem-sucedida — sobretudo em alturas em que os consumidores estão mais seletivos.
Hoje em dia, a LVMH ainda detém grandes marcas como a Louis Vuitton, Dior e Tiffany & Co., com as vendas em 2024 a atingirem os 84,7 mil milhões de euros e um lucro operacional a atingir os 19,6 mil milhões de euros.
Em comparação, as vendas da Hermès situaram-se nos 15,2 mil milhões de euros, com um lucro operacional de 6,2 mil milhões de euros, durante o mesmo período.
Grande parte do sucesso da Hermès pode ser atribuído à sua estratégia. Enquanto outras marcas de luxo continuam a pressionar para maiores vendas, esta restringe a oferta para tornar os seus produtos raros. As suas malas valem imenso e têm longas listas de espera, o que mantém a procura e os preços de revenda ainda mais elevados.
Ao mesmo tempo, a LVMH pode estar a perder algum brilho devido ao que os especialistas chamam de “desconto de conglomerado”. Embora a sua marca Louis Vuitton tenha um bom desempenho, outras secções do grupo, como a Sephora, geram menos lucro, e isso tende a diminuir o seu valor global.
Ontem, a LVMH revelou resultados mais fracos do que o esperado na moda e nos artigos de couro, enquanto a Hermès deverá publicar os seus próprios números trimestrais esta quinta-feira.
É também de notar que, embora Bernard Arnault seja ainda uma das pessoas mais ricas do mundo, a família Hermàs — liderada por Axel Dumas, um herdeiro de sexta geração — é agora a mais rica da Europa, com uma fortuna combinada de cerca de 171 mil milhões de dólares no final de 2024.