«Há que voltar a criar confiança no consumidor de que é seguro voar»

Nuno Molarinho, CEO da The Race

É já amanhã, dia 13, que regressa o Portugal Air Summit, considerada a maior cimeira no sector aeronáutico, defesa e espaço da Península Ibérica. Pelo quinto ano consecutivo, o evento, que decorrerá no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, vai debater e analisar as oportunidades e desafios que se colocam ao sector da aeronáutica e aviação.

Sob o tema central “Flying for a new start”, a 5.ª edição do Portugal Air Summit decorrerá em formato híbrido, a partir de dois estúdios onde decorrerão cerca de 50 conferências e participarão mais de 200 oradores. A par da agenda de conferências, haverá um extenso programa de entretenimento, onde se incluem os Air Shows, espectáculos nocturnos, mas também o EuRoc – European Rocketry Challenge, competição europeia de lançamento de rockets.

Em entrevista à Marketeer, Nuno Molarinho, CEO da The Race (empresa responsável pela organização do evento) apresenta algumas das novidades desta edição e aborda ainda as dificuldades que o sector da aeronáutica e aviação tem vindo a atravessar desde o início da pandemia de Covid-19. O Portugal Air Summit, garante, procura contribuir para encontrar as respostas e soluções que permitam voltar a pôr a indústria a voar mais alto.

“Flying for a new start” é o mote da nova edição do Portugal Air Summit. Este é o momento para um novo começo do sector da aviação e aeronáutica ou ainda há muita turbulência?

O sector da aeronáutica foi dos mais afectados durante todo este período de pandemia e confinamento, com o cancelamento e a paragem total de voos. Houve uma quebra de facturação na ordem dos 80%, pelo que é necessário reabilitar o sector e contribuir para um novo fôlego e crescimento do mesmo, de forma sustentável, respeitando as vicissitudes identificadas, criando novas oportunidades de trabalho, de contratação de pessoal, de confiança dos consumidores.

Há que voltar a criar confiança no consumidor de que é seguro voar, que respeitamos as normas de saúde implementadas e de que a circulação de pessoas, mesmo após este período de turbulência, é uma realidade que não desapareceu e é segura. É preciso “descolar” novamente, já que este é um sector tão necessário para a economia nacional e mundial.

A recuperação do sector é incerta, tendo sido analisada na Comissão Europeia, que apresentou medidas de emergência como a redução dos limiares de utilização das faixas horárias para as companhias aéreas, orientações para os testes de diagnóstico da Covid-19 e a quarentena dos passageiros dos transportes aéreos, bem como o Certificado Digital. Publicou igualmente um documento de trabalho sobre as regras em matéria de auxílios estatais e prestação de serviços públicos no sector.

Importa, mais do que nunca, discutir o futuro deste sector, bem como as diferentes hipóteses de recuperação e viabilização desta actividade e das que se encontram subjacentes ou dependentes.

Que respostas poderão ser encontradas durante o Portugal Air Summit para enfrentar estes desafios?

O objectivo do Portugal Air Summit continua a ser reunir as entidades e personalidades mais relevantes da indústria para debater e analisar o potencial e futuro da aviação, aeronáutica, espaço e defesa, assumindo-se como um ponto de encontro dos stakeholders do sector. O evento é hoje considerado um case study internacional, sendo o principal dinamizador do aeródromo de Ponte de Sor e um forte catalisador da economia local, colocando o sector na agenda principal, tanto a nível nacional como internacional.

Que novidades serão apresentadas nesta 5.ª edição?

Nesta 5.ª edição pretendemos focar-nos na discussão do sector e em continuar a trazer oradores de relevo que aportem valor a temas da actualidade. Nesse sentido, temos, por exemplo, a presença da nova presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, para falar do futuro da companhia ou temáticas como a aviação sustentável, a utilização do hidrogénio – temas que são uma aposta no futuro e na reinvenção do sector para contribuir para um mundo melhor. Não é utopia, é o “next step” necessário para uma indústria que é considerada uma das mais poluentes.

À semelhança das outras edições, tendo sempre em consideração as normativas da DGS, queremos sentir novamente o público e contribuir para que possam assistir às conferências, fazer networking, contactar com as empresas presentes no “Exhibition Hall” e ainda desfrutar de momentos de lazer que têm vindo também a contribuir para tornar Ponte de Sor numa referência e num ponto de passagem relevante, não só nestes dias, mas ao longo de todo o ano.

O campeonato European Rocketry Challenge vai reunir 21 equipas e cerca de 400 estudantes originários de 13 países de toda a Europa e contará, pela primeira vez, com uma equipa portuguesa do Instituto Superior Técnico, mas vamos ter também os habituais Air Shows ou o espectáculo multimédia, que contará com a presença de 60 drones, seguido de concerto da Orquestra Ligeira do Exército e espectáculo de dança.

Que patrocinadores ajudam a colocar este projecto no ar?

Este projecto tem uma chave de sucesso que resulta na essência da relação de confiança e de aposta que o Município de Ponte de Sor colocou estrategicamente neste sector e num evento com estas características.

No que concerne aos apoios, ao longo destas quatro edições contámos com mais de 200 patrocinadores e parceiros institucionais, alguns deles estão connosco desde o início e, mais do que patrocinadores, já são embaixadores da marca PAS, contribuindo de forma permanente para fazemos cada vez mais e melhor.

A relação de proximidade que mantemos com a ANAC – Autoridade Nacional da Aviação Civil, MDN – Ministério da Defesa Nacional e NAV desde o primeiro momento e a forte cumplicidade institucional que nos une tem contribuído de forma inquestionável para o sucesso deste projecto.

À semelhança do ano passado, o Portugal Air Summit 2021 vai decorrer em formato híbrido. Para a The Race, este é um modelo que tem demonstrado ser sustentável? E será aposta para o futuro?

Este é um formato que, devido à pandemia, tem resultado muito bem, uma vez que nos permite emitir para todo o mundo e ter níveis de audiência que de outra forma não seria possível. Começou por ser uma opção alternativa ao facto de não podermos ter um evento aberto ao público, como em edições anteriores, e que se revelou uma forma eficaz de chegar ainda a mais público.

O modelo híbrido permite a presença de público em geral, convidados e oradores, podendo alguns estarem remotamente, e sendo transmitido como uma emissão televisiva contínua via streaming. A transmissão do evento via streaming no ano passado chegou a cerca de 60 países, posicionando o Portugal Air Summit como um dos três eventos nacionais com maior impacto internacional em 2020. É, por isso, um formato a repetir e a continuar.

Além do Portugal Air Summit, a The Race organizou em Junho passado o Water World Forum for Life. O objectivo passa por alargar cada vez mais o leque de eventos?

A The Race conta com uma equipa multidisciplinar e pronta a encontrar soluções inovadoras e criativas, por vezes disruptivas, entregando-se de corpo e alma aos projectos de forma consistente, tendo presente no seu ADN o lema “não existem impossíveis”. Temos um grande know-how em projectos relacionados com o sector e o mundo aeronáutico – como o NOS Air Race 2014 e o Lisbon Air Race 2016 – que ultrapassaram todas as expectativas, acumulando uma audiência superior a 500 mil pessoas.

O Water World Forum for Life foi mais um exemplo do trabalho da The Race, conseguindo pôr um concelho do interior do País, como Reguengos de Monsaraz e o Alqueva, no centro das atenções nacionais e internacionais, como uma das maiores referências na temática ambiental e de sustentabilidade. Conseguir organizar um evento com esta complexidade e dimensão, numa altura tão conturbada como a que vivemos durante o último ano e meio, e ter a presença de um número significativo de entidades governamentais, empresas privadas e ONGs, onde promovemos debates e a discussão de temáticas ambientais tendo como ponto de partida a água, mas onde também juntámos uma vertente lúdica, cultural e desportiva ambiciosa, é algo do qual temos muito orgulho e que iremos continuar a fazer de futuro, levando a nossa experiência neste tipo de eventos a nível internacional.

Texto de Daniel Almeida

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