Fomos ao Epic Sana Algarve e viemos mudados… pelo Al Quimia

Sabe o que é atenção ao mimo, ao detalhe, ao gosto? Servir e oferecer o que gostamos, sem invadir? Cuidar e querer agradar, com honestidade? Há hotéis assim. E o Epic Sana Algarve é um deles.

O hotel é grande, tem 229 unidades de alojamento (com diferentes tipologias), mas ali cada hóspede é um hóspede, com nome, gostos e preferências.

Eu não sou a cliente-tipo de um grande hotel, confesso. Por isso, foi em jeito de teste que por lá andei. E agora digo que foi em boa hora que agarrei o convite, que o balanço final ficou acima.

Chegámos ao hotel a meio de uma tarde quente – bastante quente aliás -, pelo que soube bem receber conforto em jeito de palavra, tempo e espaço. Na conversa e no saber receber, sem esforço, desde o primeiro segundo. Em espaço, literalmente, ou não se espraiasse o Epic Sana Algarve ao longo de oito hectares; em espaço e conforto na deluxe garden suite – na zona mais premium do resort, desdobrava-se em dois pisos, com um quarto com cama de casal e casa-de-banho privada com banheira e chuveiro, uma sala de estar com sofá-cama, um wc com chuveiro, terraço e área de jardim; e em espaço e tempo, para nos entregarmos às horas e momentos, com a maior calma.

Como a primeira tarde já ia a meio e havia jantar marcado – obrigada!! – no Al Quimia, optámos por ficar pela piscina. Corrigindo, piscinas, sendo uma aquecida acima dos 20 graus. Não torça o nariz. Imagine que está nos trópicos, só que em vez de mergulhar em água salgada é em doce. Eu, por mim, adorei e repeti, em jeito de descanso do corpo.

Até, claro, termos descido ao Al Quimia. O que se desce em degraus, sobe-se em experiência. A começar pelo espaço do restaurante, a continuar nas propostas do chef Luís Mourão e a rematar nos pairings de vinho sabiamente conseguidos pelo escanção Hugo Ribeiro.

Acredito que a ambição, por ali, seja de estrela. Michelin, claro. A avaliar pelo serviço, o ambiente, a decoração e as propostas que nos chegaram à mesa – umas melhor conseguidas que outras, é um facto, mas gostos são gostos -, o estrelato não deve andar longe.

O Al Quimia já existe há meia dúzia de anos. Mas aproveitou a pandemia para fechar portas e reabrir, como novo. Agora, com carta – ou cartas, já que há mais que um menu de degustação – reformulada, os produtos querem-se o mais possível sazonais, locais e de origem sustentável.

Nós fizemos uma viagem de horas com sabor a mar, depois de nos ter sido sugerido o Menu Coral. E foi intenso, do primeiro ao último prato, literalmente. Ou não houvesse 10 momentos, mais couvert e amuse-bouche, mas que não assustam, pelo contrário só fazem apetecer avançar para o seguinte. No final, houve os que ficaram mais na memória e que nos mereceram maior aplauso – mas, isso, acho que é o comum. Como foi o caso do carabineiro com beterraba e caviar, do Cozido a Mar, uma reinterpretação do cozido à portuguesa mas com lavagante; ou do pregado, que estava realmente divinal.

Sim, há mesmo estrelas no céu e “coral” em terra. Aplauso final!

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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