Esta proposta não é para vegans!

Vamos já deixar claro que o título não é uma brincadeira. Voltámos à Sala de Corte e por lá, já se sabe, a carne é rainha. E sempre em bem. Portanto se espera levar daqui algum laivo de veganismo podemos falar dos acompanhamentos que são de excelência e que bem podiam ser, per si, reis. É o caso do brás de cogumelos e espargos que faz qualquer amante de carne balançar na altura de escolher e que tivemos a oportunidade de revisitar. Também o arroz de forno, com enchidos de fumeiro voltou a encher-nos as medidas (superou-as, na verdade), tal como as batatas fritas que, como se discutia à mesa, são um cartão-de-visita para destrinçar entre os restaurantes bonzinhos e os de elite.

Mas centremo-nos na rainha: a carne. A Sala de Corte criou uma iniciativa em que, quinzenalmente, a oferta do restaurante cresce para lá da carta habitual, disponibilizando uma raça autóctone portuguesa mediante a disponibilidade dos produtores locais. O chef vai ao produtor escolher pessoalmente cada um dos animais, daí que variem não só as raças como também as idades dos animais. Nas primeiras semanas houve Maronesa DOP e Minhota Galega, por exemplo, e a nós coube-nos o privilégio de nos deliciarmos com Chuletón Barrosã, de Alturas do Barroso, com 21 anos de idade e 45 dias de maturação. Mas nada receie com a longevidade do animal nem com o tempo de maturação. É mesmo inolvidável, mal passada, como se recomenda.

Quase (mas só quase) que faz esquecer o bife tártaro com cereja do Fundão e sementes de mostarda que uns minutos antes degustáramos no âmbito da VII Edição da Rota Gastronómica da Cereja do Fundão (e que termina amanhã). É que se o tártaro normal desta casa já é qualquer coisa de marcante, o twist das cerejas é algo de surpreendente pela positiva.

Nas sobremesas voltámos a ser encantados por uma proposta desta rota com o soufllé de pistácio e cereja do Fundão assada acompanhada de gelado de baunilha de Madagáscar. Mas atenção que aqui há que ser paciente porque o soufllé é feito no momento, como se impõe, e demorará o seu tempo (10 a 15 minutos)… Houve ainda tempo, nas sobremesas, para rever velhos amigos dos quais nem nos lembrávamos de que tínhamos saudade. A Tarte de Queso é um clássico da casa que praticamente não se encontra em outros espaços em Lisboa, mas a Pavlova de Frutos Vermelhos com sorbet de framboesa e lima ocupa um lugar muito especial no nosso palato.

E se tudo isto ainda não o convenceu, que tal aproveitar para conhecer a nova sala no jardim de Inverno nas traseiras do espaço principal? Garantimos que nem vai dar pelo tempo a passar.

Texto de Maria João Lima

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