Entre bifes e cerveja, há muito mais para ver na Portugália de Belém

Good LivingDa mesa para a boca
Maria João Lima
01/10/2025
20:05
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Maria Joao Lima
01/10/2025
20:05


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Reabriu há poucas semanas e ainda não tinha calhado ir para os lados de Belém. Mas hoje foi o dia de ir conhecer a renovada Portugália de Belém, no mesmo espaço que ocupa há mais de duas décadas, mas agora renovado e, se me permitem dizê-lo, muito mais agradável.

Mas vamos por partes. Antes de tudo o que salta à vista é luz. Muita luz natural. E se é verdade que a luz de Lisboa encanta todos os que por ela passam, também o é que no passado esta Portugália não estava a tirar o devido proveito daquilo que a natureza bafejou a capital portuguesa. Agora há luz. Muita luz e uma vista deslumbrante para o Padrão dos Descobrimentos, com a Ponte 25 de Abril a espreitar lá atrás. De todo o restaurante, seja nos espaços mais a descoberto, como a esplanada, ou os interiores, há ângulo de visão para contemplar o Espelho de Água e o rio Tejo. Um deleite para turistas e também para os lisboetas que nem sempre estão com tempo para parar e desfrutar.

Centremo-nos, agora no espaço. O projecto de arquitectura foi desenvolvido pela arquitecta Inês Moura, responsável também pela renovação da Portugália Almirante Reis. O novo espaço procurou combinar tradição e modernidade, reflectindo a autenticidade das cervejarias portuguesas através do uso de materiais como pedra, inox, madeira e azulejo, sem esquecer elementos náuticos, tendo em consideração a localização do espaço. Um dos destaques vai para o balcão central, pensado para devolver protagonismo à tradicional experiência de comer ao balcão (tem 20 lugares ao balcão). Esse, aliás, é agora elemento comum a todos os espaços sendo decorado com azulejos com o escudo da Portugália em 3D, com diferentes orientações. Um elemento desenvolvido em conjunto com a centenária casa de azulejos Viúva Lamego.

Mas a aplicação de azulejos, tão característica da cidade, não se fica por aqui. À semelhança do que aconteceu com outros espaços que foram transformados recentemente e que contaram com a participação de artistas portugueses, a Portugália convidou a artista Kruela d’Enfer para criar uma intervenção em formato de painel de azulejos para o espaço de Belém. O resultado é um painel imersivo e vibrante (procure que vai encontrar elementos ligados à história do espaço como sapateira e camarão) que percorre paredes e tecto da sala privada (está aberta ao público, mas poderá ser fechada para grupos de cerca de 25 pessoas) e que faz todo o espaço ganhar uma nova vida. Azulejos, uma vez mais, com assinatura da Viúva Lamego.

A carta é a mesma dos restantes restaurantes Portugália. O que, em bom rigor, às vezes é só o que nos apetece. Que não inventem muito e que nos tragam os sabores que fazem parte do nosso imaginário. Começámos com o croquete (um clássico que nunca se dispensa – 1,7€), seguimos com o recheio de sapateira (8€), o polvo ao alhinho (13€) e as gambas al ajillo (9€).

E claro que o bife (18€) está lá, com o molho à Portugália (é o bestseller da carta), e foi presença no meu prato. E continua como sempre a pedir que a batatinha frita mergulhe e que nos arrisquemos a voltar para os nossos afazeres com uma nódoa na blusa. Mas é um risco que, de uma maneira geral, estou disposta a correr. Corri-o e saí sem nódoas. E feliz porque, debicando no prato ao lado, consegui perceber que o Molho Cerveja Mista (uma novidade na carta) merece a minha atenção plena numa próxima visita.

Para rematar, porque uma refeição nem termina se não comermos um docinho, aventurei-me e pedi um Ovo Estrelado (4€). Uma estreia para mim, mas o nome deixou-me curiosa. Com base de bolacha é uma versão espacial de natas do céu com doce de ovos e flor de sal. Aprovado e a repetir.

Texto de Maria João Lima

*A jornalista escreve Segundo o Antigo Acordo Ortográfico




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