A primeira edição do Alentejo Walking Festival, realizada em 2024, superou todas as expectativas, com mais de 800 participantes e várias caminhadas esgotadas. A diversidade de percursos e a forte adesão, provenientes de diversas regiões do país, evidenciam o sucesso desta iniciativa. Para além do impacto positivo na promoção da região, o festival teve um efeito direto na economia local, impulsionando a hotelaria, a restauração e o comércio.
Por Sandra M. Pinto
Em entrevista, Pedro Beato, Vice-Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, destacou o balanço claramente positivo do evento, apontando a participação ativa de todos os municípios alentejanos e o impacto positivo nas comunidades locais. Com nova edição marcada para 2025, o Alentejo Walking Festival promete continuar a celebrar a natureza, a cultura e a hospitalidade da região, consolidando-se como um evento de referência no turismo de natureza.
A primeira edição do Alentejo Walking Festival foi um sucesso, com mais de 800 participantes e várias caminhadas esgotadas. Que balanço faz dessa estreia?
Com mais de 50 percursos pedestres disponíveis, a maioria esgotados, as inscrições superaram os 800 participantes, oriundos da área metropolitana de Lisboa, do centro do país, e também, logicamente, do Alentejo, pelo que fazemos um balanço claramente positivo, com impacto de incremento na hotelaria, na restauração e no comércio local nos dias do festival. Após o festival, é de salientar o registo de um aumento nos pedidos de informação sobre outros percursos pedestres disponíveis na região.
O que mais surpreendeu na adesão do público em 2024? Houve lições ou ajustes importantes para esta nova edição?
É importante dar nota que a participação em 2024 obteve o pleno de participação de todos os municípios do Alentejo, o que nos surpreendeu e responsabilizou ainda mais. Na edição de 2025, temos um novo sistema de inscrições, mais célere, intuitivo e útil para os participantes. Um ajuste relevante para maior usufruto do Festival, desde a sua inscrição.
Que novidades ou destaques reserva a edição deste ano do festival?
O destaque da edição 2025 será para a nova oferta da “Rede de Percursos Pedestres da Faixa Piritosa”. Uma aposta no conhecimento do território, com percursos interpretativos, onde poderemos agregar valor também na dimensão do Turismo Industrial. De ressalvar, ainda, que grande parte dos percursos pedestres desta edição são diferentes face ao ano anterior, o que releva a diversidade de oferta que o Alentejo disponibiliza todo o ano.
Há percursos ou territórios novos integrados na programação de 2025?
Todos os territórios têm diversos percursos com sinalização e, para o festival, são escolhidos apenas 1 ou 2 por município. Assim, a cada edição, os percursos vão mudando para fomentar a visita a vários pontos de cada território. Além disso, um dos destaques programáticos do AWF 2025 é a apresentação da nova “Rede de Percursos Pedestres da Faixa Piritosa”, como referi anteriormente.
De 30 de outubro a 9 de novembro são muitos dias de caminhadas. Como está estruturado o festival ao longo deste período?
O Alentejo Walking Festival 2025 tem início no dia 30 de outubro com a Conferência “Redes Municipais de Percursos Pedestres”, no Centro Ciência Viva do Lousal “Mina de Ciência”, em Grândola. A dia 1 de novembro acontece o Passeio Promocional em Mértola, respetivo convívio e almoço comunitário no final. É no fim de semana de 8 e 9 de novembro que se concentram a maioria das caminhadas, onde o objetivo é pôr “Todo o Alentejo a Caminhar”, com os municípios do Alentejo a disponibilizarem os passeios pedestres pela região, com passagem em vários pontos de interesse e adaptáveis a todos os interessados, através de diferentes níveis de dificuldade.
Que tipo de público esperam atrair? Apenas nacionais ou também estrangeiros?
O festival, nesta fase, visa atrair o público nacional, mas potenciar a participação internacional, nomeadamente no mercado espanhol. É um caminho que se faz caminhando. Para o mercado interno, iremos promover uma famtrip para operadores turísticos nacionais, incluindo um workshop de vendas B2B, entre empresas do Alentejo e os convidados nacionais. Uma ação que em poucas horas esgotou a lotação disponível, o que revela o interesse do mercado no Alentejo e pela oferta de percursos pedestres. Para atrair o público estrangeiro, teremos a realização de uma press trip internacional (convite a jornalistas) nos dias do festival. Uma forma de sinalizar e reforçar no mercado internacional a apetência do Alentejo enquanto Destino de Caminhadas.
Como referiu o fim de semana de 8 e 9 de novembro será o ponto alto da programação. Como surgiu o conceito de colocar “Todo o Alentejo a Caminhar”?
O objetivo é demonstrar a vasta oferta de percursos pedestres ao longo de toda a região. Tal é a dimensão e estruturação da rede que é possível colocar “Todo o Alentejo a Caminhar”. É um projeto literalmente regional, onde os Municípios são parceiros fundamentais, os quais se têm envolvido de uma forma plena.
Quais são os principais objetivos desta mobilização regional em torno do pedestrianismo?
O principal objetivo do Alentejo Walking Festival é promover a região enquanto Destino de Caminhadas, aproveitando a sua vasta rede de percursos pedestres, celebrando o melhor da natureza, da cultura e da hospitalidade alentejana.
A participação é gratuita: como é garantida a sustentabilidade da iniciativa?
A sustentabilidade económica da iniciativa é garantida através do investimento efetuado pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, enquanto promotor do Festival, e conta com o apoio logístico e operacional dos municípios do Alentejo. Importa ressalvar a abordagem de investimento, face ao retorno que é assegurado pelo impacto positivo na economia local (hotelaria, restauração, comércio) e pelas ações estratégicas de promoção do destino Alentejo e da sua variada oferta temática, no caso, o walking.
O Alentejo tem vindo a afirmar-se como um destino de turismo de natureza. Como é que o pedestrianismo se insere na estratégia regional de valorização sustentável do território?
Desde logo estamos perante uma atividade que é por inerência sustentável na sua prática, dadas as características da mobilidade pedestres ao longo dos percursos. No código de conduta e com os guias de interpretação que acompanharam os passeios, sensibiliza passeios, sensibilizamos para as melhores práticas no uso dos percursos pedestres. Acresce que os itinerários são na sua maioria vicinais, o que privilegia o contacto com a natureza, a fauna e flora, a paisagem e o horizonte do Alentejo, o que promoverá, certamente, uma “pausa” na agitação do dia-a-dia e uma consequente reflexão relativa à pegada individual e o contributo para uma sustentabilidade equilibrada, tanto a nível ambiental, como social e cultural. O Alentejo é o local certo para contribuir nessa mudança de paradigma.
Existe uma aposta clara na ligação entre biodiversidade, património e estilo de vida. Que mais-valias concretas esse posicionamento tem trazido para o turismo e para as comunidades locais?
O Festival associa o lazer, o bem-estar, o convívio salutar entre os participantes e a conexão com a biodiversidade, cultura e o património, um posicionamento, portanto, que representa mais-valias concretas para o Turismo, uma vez que permite a imersão na beleza natural única da região e oferece uma nova perspetiva da mesma para quem já a conhece, sendo uma excelente introdução para novos visitantes.
Já para as comunidades locais, é de salientar o benefício económico (hotelaria, restauração, comércio) e a perceção da valorização dos seus territórios pelos visitantes, razão pela qual os habitantes dessas localidades aderem e participam no evento.
O Alentejo Walking Festival pode ser considerado uma ferramenta de branding territorial. Como é que esta iniciativa contribui para consolidar a marca “Alentejo” a nível nacional e internacional?
A oferta proporcionada pelo festival, está alinhada com os valores da marca “Alentejo”, uma vez que promove um dos seus principais ativos turísticos – a paisagem – agregando o tempo, espaço, a biodiversidade, o acolhimento de qualidade e o cunho da cultura alentejana, tanto nos costumes, artes e ofícios, como na arquitetura (natural e edificada), reforçada pela reconhecida gastronomia tradicional.
Com o crescimento do turismo de natureza e da procura por experiências sustentáveis, que estratégias de marketing têm sido desenvolvidas para posicionar o Alentejo como um destino de referência nestas áreas?
O Alentejo tem marcado presença ativa nos principais certames promocionais de turismo, tanto no mercado nacional como internacional, com destaque para feiras dedicadas à temática. Acresce também a aposta no investimento na plataforma OutdoorActive, onde disponibilizamos toda a oferta de walking, cycling, caminhos de santiago e autocaravanismo. A destacar ainda, nas campanhas promocionais, a mensagem visual da paisagem
e das atividades associadas ao turismo de natureza e experiências associadas. Várias frentes, que têm vindo a consolidar a perceção do tanto para fazer e experimentar no Alentejo!
Temos assistido a uma forte aposta das marcas em personalização e storytelling. Como é que a marca “Alentejo” está a ser trabalhada para criar uma narrativa diferenciadora e emocional junto dos visitantes?
As nossas campanhas promocionais são desenvolvidas sempre nesse sentido, apelando ao Alentejo como local para “ser, sentir e viver” estórias com história, onde o Vagar é (re)descobrir um território com tanto para contar e experimentar.
O festival envolve dezenas de municípios, associações e agentes locais. Como tem sido o envolvimento das comunidades e das autarquias neste projeto?
O envolvimento das autarquias e comunidades locais tem sido fundamental e positivo. O feedback das comunidades tem sido bom e está ligado ao
envolvimento que as próprias têm na própria adesão e participação ativa no evento.
Para além do evento em si, que impacto duradouro espera deixar nos territórios por onde passam os percursos?
Espera-se que o impacto do festival vá além dos dias do evento, como aliás aconteceu na edição de 2024, deixando um legado duradouro nos territórios, tanto no incentivo a visitas futuras, como no uso sustentado da rede de percursos pedestres.
O pedestrianismo pode ser também uma ferramenta de coesão territorial?
Pode. O Alentejo é exemplo dessa coesão, quando temos o envolvimento e entusiasmo dos Municípios no Alentejo Walking Festival, através da oferta de percursos pedestres em toda a região. É uma mobilização territorial, que demonstra a sua coesão em prol da divulgação e notoriedade de um produto comum a todos e da marca Alentejo.
Qual é a visão a médio e longo prazo para o Alentejo Walking Festival?
Importará continuarmos a afirma o Alentejo como Destino de Caminhas, ou seja, a afirmação de uma região inteira na oferta do produto walking. Adicionalmente, teremos que desenhar estratégias que promovam e potenciem as redes municipais de percursos pedestres. Por esse motivo, a Conferência integrada no festival tem como tema “Redes Municipais de Percursos Pedestres”.
O objetivo é torná-lo um evento âncora anual ou até expandi-lo a outras dimensões do turismo ativo?
A ambição é manter o envolvimento regional, mas valorizando gradualmente a oferta das redes municipais, as quais estão em processo de expansão neste momento. Cremos que o festival tem também esse efeito “interno”, o de impulsionar os Municípios na aposta de estruturação e oferta dos percursos pedestres.
Considera que o Alentejo pode tornar-se um dos principais destinos de caminhadas a nível europeu?
O Alentejo Walking Festival trouxe um grande contributo na afirmação e notoriedade do Alentejo enquanto destino de caminhadas. O festival já realiza uma press trip internacional, indicando a intenção de competir e ganhar visibilidade a nível europeu, para atingir um estatuto de referência no
panorama do turismo pedestre. Estamos certos que, face à consistência e empenho no desenvolvimento do produto walking, quer pela Entidade Regional de Turismo como pelos seus Municípios, o Alentejo tornar-se-á um dos principais destinos de caminhadas a nível europeu. É essa a nossa ambição.














