A DECO manifestou esta quarta-feira, através de um comunicado no site da associação, a sua preocupação face às medidas protecionistas recentemente anunciadas por Donald Trump. Em causa as novas tarifas sobre produtos importados que afetam diretamente os consumidores a nível global, incluindo os europeus e portugueses.
No chamado “Liberation Day”, os EUA anunciaram uma tarifa adicional de 20% sobre todos os produtos oriundos da União Europeia (UE), acumulando-se às tarifas já existentes de 25% sobre o aço, alumínio, automóveis e respetivas peças. A DECO alerta que estas decisões têm consequências imediatas “sobre os preços dos produtos importados no mercado norte-americano”.
A associação admite que os consumidores europeus não são muito dependentes em relação a produtos americanos, mas, ainda assim, não estão imunes ao impacto em produtos específicos, podendo “antever-se um aumento de preços, nem que seja pelo efeito de contágio das medidas em termos globais”.
“Havendo uma subida de preços, esta surge num momento em que os consumidores europeus ainda estão a recuperar do impacto da inflação elevada que se verificou nos anos recentes. O retorno a um potencial novo ciclo de subida do custo de vida é muito preocupante e significaria um duro golpe para as famílias. De um ponto de vista macroeconómico, poderia mesmo significar um novo ciclo inflacionista e que poderia obrigar a intervenções de política macroeconómica, com um aumento das taxas de juro para fazer face a essa inflação”, equaciona e alerta a associação.
A DECO destaca que a economia europeia poderá ser empurrada para um novo ciclo inflacionista, com todas as consequências que daí advêm: perda do poder de compra, aumento das taxas de juro e pressão adicional sobre os créditos das famílias portuguesas — já fortemente atingidas pelas subidas da Euribor.
A associação sublinha que, nos EUA, os consumidores já começam a sentir no bolso o impacto destas medidas. No entanto, o efeito poderá rapidamente transbordar para o mercado europeu, especialmente se a UE decidir responder com tarifas equivalentes. Embora, para já, Bruxelas adote uma postura de negociação, propondo a aplicação de tarifas zero em produtos industriais, a possibilidade de retaliar com taxas de 25% sobre produtos americanos continua em cima da mesa, caso as negociações falhem.
Perante este cenário descrito como “alarmante”, a DECO reforça a necessidade de evitar o recurso a tarifas como forma de regulação do comércio internacional e apela ao Governo português “que tome em consideração as preocupações dos consumidores, sendo fundamental que sejam também consultados antes de tomar decisões a nível nacional”.