Construir um E-Commerce sem grandes investimentos? Sim, é possível!

Por Marco Gouveia, consultor e formador de Marketing Digital, head of Digital Marketing no Pestana Hotel Group e Google Regional trainer

Está para começar um E-Commerce, mas anda sempre a adiar? Chegou a altura! Hoje, é possível construir um E-Commerce sem grandes investimentos iniciais e neste artigo vou explicar-lhe como. Aliás, digo-lhe ainda mais: abrir um E-Commerce fica, na maior parte dos casos, mais barato do que abrir uma loja física.

Segundo o relatório “Digital 2021: Portugal”, do Data Reportal, 89,5% dos utilizadores de internet entre os 16 e os 64 anos pesquisaram um produto ou serviço online no mês anterior ao estudo, 80,8% deles visitaram uma loja online e 69,1% finalizaram uma compra nesse regime. Já não há razões que justifiquem continuar a adiar a aposta neste modelo de negócio.

A parte operacional é bastante facilitada, na medida em que um E-Commerce possibilita que as operações sejam feitas directamente a partir de casa (ou qualquer outro lugar), reduzindo ou mesmo aniquilando custos relativos ao espaço (renda, água, electricidade, etc.). Num momento inicial, não é necessário contratar uma grande equipa, sendo capaz, uma única pessoa, de “dar conta do recado” (isto, claro, se a pessoa em causa possuir conhecimento suficiente acerca do tema, o que também se adquire relativamente rápido).

O investimento em stock pode ser bastante baixo, uma vez que os dados a que hoje temos acesso online permitem que possa investir apenas quando há procura. Estas são apenas três razões, as mais óbvias, diria, que tornam possível construir um E-Commerce com um orçamento reduzido.

Ainda assim, o mínimo de capital necessário para iniciar um projecto deste tipo depende de algumas variáveis, como o produto a vender, os custos de produção, o nicho de mercado no qual se pretende entrar e a estrutura necessária para suportar as acções. Poderá dizer-se que os maiores custos na hora de criar um E-Commerce são o stock inicial, a estrutura da loja online e o capital para gerir o dia-a-dia no começo. Não obstante, é preciso analisar todos os factores antes de pôr a mão na massa: custos de produção, packaging, modo de transporte, plataforma de vendas online, estratégia de Marketing Digital, etc.

Normalmente, quem tem a ambição de lançar um E-Commerce tem um propósito já estabelecido por detrás dele e, por isso, sabe, de antemão, o produto ou serviço a vender. No entanto, caso este ainda não esteja bem definido, é algo sobre o qual se deve debruçar atentamente. O produto ou serviço que vai vender influencia directamente o custo inicial do E-Commerce. É a partir daí que poderá começar a fazer a sua estimativa sobre a quantia necessária para cobrir as despesas do stock inicial, um dos maiores custos no começo. Portanto, realize uma pesquisa profunda sobre os custos de produção e seleccione as opções mais em conta. Recomendo que reserve 30% a 40% do seu orçamento para o stock. Uma alternativa viável é tentar negociar com os fornecedores uma parceria inicial que assente na procura dos utilizadores por cada produto.

Depois, quando falamos sobre a estrutura inicial, estamos a falar, basicamente, sobre a plataforma de E-Commerce eleita, um bom sistema de gestão online para automatizar processos e ganhar eficiência e toda a burocracia inerente à criação de um E-Commerce (registo da empresa e da marca, cumprimento da legislação em vigor, registo do nome do domínio escolhido). Se, neste momento, se questiona acerca da plataforma que deve escolher, digo-lhe que, num momento inicial, não é um factor assim tão relevante quanto se pensa. Existem milhares de lojas virtuais hospedadas em plataformas consideradas menos boas que, ainda assim, estão a lucrar muito.

De qualquer forma, dou-lhe duas sugestões: a WooCommerce, para projectos mais robustos e ambiciosos, e a recente solução dos CTT, para projectos mais simples e sem necessidade de muitas funcionalidades. Uma dica interessante é visitar o site dos concorrentes e descobrir que plataforma estão a utilizar (geralmente, é indicada no rodapé das páginas) para, posteriormente, comparar funcionalidades, preços, soluções, etc. Idealmente, deve reservar entre 5% e 20% do seu orçamento para esta parte.

A título de curiosidade, olhe-se para os próprios CTT como um exemplo a seguir. A empresa de correios é a estrela da bolsa nacional este ano, com uma valorização de quase 50%. E mais: os analistas acreditam que, após esta escalada, e embora as acções já estejam acima das avaliações, a companhia ainda tem margem para ganhos adicionais. Este é o resultado da aposta na digitalização e no E-Commerce. A oportunidade reside no agora. E o “daqui a pouco” poderá não chegar a tempo de acompanhar este boom.

Finalmente, deve ter em conta o capital necessário para gerir o dia-a-dia no começo do projecto. Para estar à vontade e evitar o stress causado por custos adicionais com os quais não contava (e que o poderiam fazer desistir), tenha algum dinheiro de parte que permita gerir as coisas do dia-a-dia sem depender do lucro inicial. Desta forma, não terá de pedir empréstimos ao banco e endividar-se quando as despesas “apertarem”.

É preciso ter em atenção que, caso faça vendas a prestações, não terá o lucro esperado logo na totalidade. Assim sendo, esteja preparado para pagar a algum fornecedor ou parceiro durante esse período. Fique também alerta aos prazos de pagamento. Nestas datas, a saída de capital é maior e a organização é fundamental para uma gestão eficiente do negócio. Ter um pé de meia um pouco mais alto oferece-lhe maior segurança e facilita a negociação com os fornecedores. Deixe de lado 40% a 65% do orçamento para esta gestão. Aqui, entrará também a estratégia de marketing digital. Um E-Commerce mal divulgado dificilmente conseguirá uma alavancagem bem-sucedida.

Como vê, construir um E-Commerce pode, sim, estar ao seu alcance. Aproveito para puxar a brasa à minha sardinha e anunciar que, a propósito, no novo Curso Intensivo de Marketing Digital que lancei, há um módulo precisamente sobre E-Commerce, a estrear, tal era a procura e a urgência de formar pessoas nesta área. Assim, caso esteja interessado(a), convido-o(a) a saber mais em http://h1.pt/marketing-digital-curso.

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