CEO da Imperial: «A categoria de chocolates para culinária cresceu mais de 25%»

A Páscoa está já aí ao virar da esquina e, pelo segundo ano consecutivo, os portugueses encontram-se confinados às suas casas não sendo recomendadas celebrações com familiares e amigos. E as marcas que têm produtos especialmente pensados para esta época estão, novamente, a sentir os efeitos nas vendas. É o caso da Imperial, empresa portuguesa criada em 1932 e que é a maior produtora portuguesa de chocolates*.

«Em 2020 a pandemia ocorreu em plena campanha de Páscoa e teve um reflexo muito negativo nos produtos associados a esta época festiva», assume Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, que responde por marcas como Jubileu, Regina, Pintarolas, Pantagruel, Allegro e Canderel. «Olhando para 2019, o mercado de chocolates vinha numa trajectória de crescimento. Tinha crescido em 2019 cerca de 6% em valor e 4% em volume, com especial incidência, curiosamente, nos frutos secos cobertos com chocolate e nos bombons», conta a profissional. Em 2020 inverte-se completamente esta tendência. «O mercado decresceu 2,4% em valor e precisamente os segmentos de mercado mais afectados são aqueles que estão mais associados às quadras festivais», refere. No caso da Páscoa, as amêndoas cobertas com chocolate e as figuras de chocolate (ovos e coelhos) e, no caso do Natal, os bombons.

Daí que com a aprendizagem da Páscoa de 2020, a Imperial tenha tido de ajustar a sua oferta. «Exigiu uma grande alteração em termos do mix de produtos que definimos vender em cada época. Em especial nesta Páscoa de 2021. O mix de produtos e o planeamento de produção foram ajustados», confidencia.

Apesar da redução da procura dos produtos sazonais, a Imperial viu aumentar o consumo de tabletes e os produtos de gama permanente em geral. «Mas houve uma categoria que cresceu de uma forma absolutamente exponencial. A categoria de chocolates para culinária», conta a CEO da empresa que tem a marca Pantagruel, «líder de mercado com 33% de quota». Segundo esta responsável, «o crescimento iniciou-se em Março do ano passado e verifica-se até agora ultrapassando os 25%».

Ciente das tendências na mudança dos hábitos de consumo globais e em Portugal, que aceleraram com a pandemia, a Imperial tem vindo a lançar produtos que correspondem a uma dieta saudável. Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, explica em entrevista à Marketeer que isso se traduz em produtos com alto conteúdo em cacau, de fibra, de proteína, bem como em chocolates vegan, com redução de açúcar e com inclusões exóticas ou de superalimentos.

Apesar do confinamento, à semelhança do que tem sido hábito, a Imperial voltou a apostar num pico de consumo, a Páscoa, para lançar novos produtos. Chegaram, assim, às prateleiras amêndoas cobertas com chocolate sem açúcar e com o conteúdo de cacau muito intenso. Recentemente foram também lançados o Pantagruel Proteína e as pepitas de chocolate (dos 43 aos 100% de cacau) que, segundo Manuela Tavares de Sousa, «estão a ter uma receptividade no mercado absolutamente extraordinária».

Também nas gamas Regina e Jubileu foram lançados produtos constituídos apenas por matérias-primas de cacau. «Nota-se que os consumidores valorizam muito, hoje, o clean label, ou seja, a autenticidade dos produtos, o facto dos produtos serem naturais, não conterem ingredientes artificiais.» Acresce ainda que todos os produtos Imperial são glúten free e muitos deles são vegan. «Há, cada vez mais, pessoas que acreditam na sustentabilidade do planeta por esta via e que procuram alegações nos produtos que consomem como o fair trade (comércio justo), cacau UTZ e Rainforest Aliance», sublinha a CEO.

*O Fundo Vallis Sustainable Investments I anuncia hoje, após a realização desta entrevista, que acordou com a Chocolates Valor a alienação de 100% do capital da Imperial – Produtos Alimentares.

Acompanhe o vídeo com a conversa na íntegra.

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