CCP abre inscrições para bolsas destinadas a jovens criativos da periferia

Estão abertas as candidaturas para as bolsas de estudo do Zona II, projecto que nasceu no ano passado pelas mãos de Wil de Carvalho e Maria Goucha, em parceria com o Clube Criativos Portugal (CCP), e que visa “aproximar e trazer novas visões, talentos, referências e insights oriundos das periferias e de pessoas com menos acesso ao sector das indústrias criativas”. No fundo, mais diversidade.

As bolsas de estudo disponíveis a partir de hoje dizem respeito à ETIC, Flag, Lisbon Digital School, Edit e Academia CCP, consideradas algumas das melhores escolas do mundo da comunicação em Portugal. Em breve, outras instituições de ensino irão junta-se à iniciativa.

Podem candidatar-se alunos do ensino secundário e pessoas com o 12.º ano de escolaridade que demonstrem interesse e talento, segundo indica o CCP em comunicado. Para isso, basta preencher o formulário disponível na página Zona II do site do CCP, até 6 de Setembro.

Além das bolsas, é apresentado também hoje o programa de mentorias do Zona II, através do qual “reputados profissionais voluntários cedem o seu tempo para apoiar e orientar jovens sobre diferentes disciplinas da criatividade, design, publicidade e comunicação comercial”. No total, estão disponíveis mais de 100 profissionais para acompanhar os novos talentos, sendo que os candidatos podem pedir apoio de uma hora a voluntários de qualquer uma das horas abrangidas.

O Zona II está também a planear outras acções, incluindo sessões de esclarecimento sobre as profissões criativas nas escolas secundárias da periferia de Lisboa. «O Zona II não é um projecto para ajudar jovens da periferia, é um projecto para que estes novos talentos nos ajudem a nós. Aos criativos, à nossa indústria. Deixámos que a nossa área se tornasse demasiado homogénea e sofremos todos com isso. Falta cor, sabor, som, diferença, partilha, discussão e aprendizagem», comentam os responsáveis pela iniciativa.

Wil de Carvalho e Maria Goucha sublinham que não pretendem «mudar a indústria da noite para o dia, mas sim uma pessoa de cada vez». Tudo para que possamos ser «mais ricos, mais criativos e cada vez melhores».

Isto passa também pelo estabelecimento de parcerias com empresas e entidades empregadoras, que se comprometem a assegurar a igualdade de oportunidades e a atribuição de estágios remunerados. Neste momento, há já no site do CCP uma lista com as primeiras empresas signatárias do Pacto Zona II.

Susana Albuquerque, presidente do CCP, acredita que a boa recepção que o Zona II tem tido é a prova de que faz falta. «Este ano é o primeiro de muitos, esperamos, e serve sobretudo para aprendermos. Como se muda o paradigma? Como conseguimos um mercado mais diverso e inclusivo, que reficta de verdade a diversidade de pessoas a quem nos dirigimos? Começamos com mais perguntas do que respostas, mas temos mais de 100 pessoas do nosso lado, profissionais, agências, estúdios, produtoras, dispostos a ajudar a mudar o estado das coisas.»

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