Com uma estética minimalista, um ADN vincado e uma voz autêntica, esta marca portuguesa de streetwear nasceu com a ambição de criar não só peças de roupa, mas uma comunidade icónica que vive com atitude e propósito.
Fundada com o objetivo claro de romper com os formatos convencionais do fast fashion, a ICONIC CLUB afirma-se como uma marca digital-first, focada em exclusividade, storytelling e ligação emocional com o consumidor. Através de um posicionamento ousado, onde “isto não é para todos” funciona como manifesto, a marca conseguiu captar a atenção de uma geração que valoriza autenticidade, pertença e significado nas suas escolhas de consumo.
Nesta entrevista exclusiva à Marketeer, Pedro Mesquita, fundador e diretor criativo da ICONIC CLUB revela como tudo começou, a estratégia por trás do lançamento, os desafios de crescer sem perder identidade — e os próximos passos de uma marca que quer inspirar cada pessoa a ser o seu próprio ícone.
Como nasceu a ICONIC CLUB e qual foi a oportunidade de mercado que identificou na altura do lançamento?
A ICONIC CLUB. nasceu da vontade de criar mais do que uma marca de roupa: um movimento, um conceito e uma comunidade. Sentimos que o mercado estava a ficar saturado de marcas que não oferecem nada de novo. Marcas que tentam ao máximo vender em massa e ultrapassar barreiras que não se conseguem transpor da noite para o dia. Por conseguinte, o nosso foco foi fugir ao comum das marcas, criar uma comunidade e fazer com que cada peça transmita uma mensagem e um valor que retratem o ADN da ICONIC CLUB.
De que forma o nome “ICONIC CLUB” reflete o posicionamento e os valores da marca?
O nome retrata duas palavras distintas, com dois conceitos distintos. Se, por um lado, “ICONIC” representa tudo o que se destaca, seja em pessoas, momentos ou formas de viver. Por outro, “CLUB”, representa um clube, uma comunidade. “ICONIC CLUB.” é, assim, uma comunidade de pessoas que vivem de forma icónica, que se sentem icónicas e que são o seu próprio exemplo de como se deve viver a vida.
Qual é a proposta de valor da marca e como procura distingui-la num mercado saturado por novas insígnias e tendências efémeras?
A nossa proposta é clara e objetiva: criar peças que sejam uma extensão da atitude de quem as veste, de quem se sente icónico. Diferenciamo-nos pela narrativa e pela limitação intencional das nossas coleções. Sabemos que não chegaremos a todos, e a “ICONIC CLUB.” não é para todos, mas sim para quem se identifica verdadeiramente com os valores e o ADN da marca. Queremos que a nossa comunidade seja um local de identificação pessoal, sem estereótipos, críticas ou superioridade.
Qual foi a estratégia de marketing delineada para o lançamento da marca? O que priorizou nos primeiros meses de atividade?
O nosso foco é criar desejo antes de vender. Apostámos numa estética forte, em conteúdos digitais com identidade própria e numa mensagem clara: este produto não é para todos. As redes sociais foram a nossa montra e o boca-a-boca digital foi, sem dúvida, o nosso maior aliado. A estratégia inicial passou por criar um certo tipo de suspense, sem revelar por completo a “ICONIC CLUB”. Foi uma estratégia bem-sucedida, visto que só revelámos o nosso conceito ao público quando começámos o lançamento da primeira coleção.
Como tem evoluído o plano de marketing da ICONIC CLUB desde a fundação até hoje? Quais os canais mais relevantes na vossa comunicação?
O plano tornou-se mais estratégico e menos reativo. Apostamos no conceito por trás da marca, campanhas temáticas e ativações que tenham valor para a marca. Embora o Instagram e o TikTok sejam os nossos principais canais de comunicação, iremos agora entrar na terceira fase do plano estratégico, onde começamos progressivamente a investir em e-mail marketing e experiências físicas, como eventos de lançamento de coleções.
A ICONIC CLUB aposta fortemente no universo digital. Que papel desempenham as redes sociais na construção de marca e na ativação de produto?
O universo digital é a nossa grande aposta. Nascemos numa geração digital, em que a comunicação é feita sobretudo através de publicações nas redes sociais. Queremos que a nossa comunidade saiba que aquilo que partilhamos e aquilo que vendemos é verdadeiro, e que somos honestos e transparentes com cada um dos nossos seguidores. Contamos histórias, provocamos opiniões, ouvimos e testamos ideias. Todos os conteúdos são pensados para manter o tom de comunicação da marca.
De que forma monitoriza e mede o retorno das ações de marketing? Que indicadores considera mais relevantes?
Sendo uma marca 100% digital, monitorizamos tudo de acordo com os dados apresentados pelas plataformas de comunicação. Comentários, partilhas e mensagens privadas dizem-nos muito sobre a ligação emocional com a marca
Esta monitorização é feita diariamente, de modo a perceber como podemos continuar a obter os melhores resultados e como podemos continuar a comunicar da forma mais correta e acertada para o nosso público.
A identidade visual da ICONIC CLUB é marcante. Qual foi o processo criativo e estratégico por detrás do branding?
Queríamos algo minimalista que refletisse o conceito de comunidade. A tipografia, o logotipo e a utilização do preto e branco criam um universo distinto, quase exclusivo. Sentimos que a simplicidade pode ser disruptiva quando bem concebida e aplicada.
Como é construída a narrativa da marca? Existe uma linha editorial definida para garantir consistência no storytelling?
Sim, há uma linha editorial muito precisa que pretende provocar reflexão e desafiar a rotina. As nossas narrativas giram em torno da procura de experiências intensas, da rejeição do comum e da ambição de servir de exemplo a nós próprios. Mantemos um tom direto, sem filtros, com uma linguagem que inspira ação e pertença. Ao comunicarmos “isto não é para ti…”, demonstramos que somos conscientes de que nem todos somos iguais e que há pessoas que podem não se identificar connosco.
A exclusividade é um traço forte da vossa comunicação. Como equilibram essa componente aspiracional com a necessidade de escala comercial?
Controlamos o volume dos lançamentos e mantemos as coleções limitadas. Em vez de apostar em grandes existências, privilegiamos a exclusividade como motor de desejo. Claro que temos a ambição de crescer, mas damos passos coerentes. A comunidade sabe que nem tudo é para todos, o que reforça o valor.
Quais têm sido os principais desafios na consolidação da marca? Como têm sido ultrapassados?
O maior desafio é manter a autenticidade à medida que alcançamos um número cada vez maior de pessoas. Há sempre a tentação de diluir o posicionamento para alcançar um crescimento mais rápido. Combatemos isso mantendo-nos fiéis ao tom, ouvindo a nossa comunidade. Sentimos que o maior erro num negócio nasce de um “passo maior que a perna”.
Existem planos de internacionalização ou expansão para novos mercados? Se sim, quais são os critérios estratégicos para essa decisão?
Sim, mas com os pés assentes na terra. Quase todas as nossas t-shirts têm frases em inglês. Não por ser uma língua mais ou menos bonita, porque nada se compara à língua portuguesa, mas porque é uma língua internacional, compreendida em quase todo o mundo. Queremos chegar ao mercado internacional, mas o foco principal mantém-se, de momento, no mercado nacional. Crescemos de maneira progressiva de modo a responder sempre de forma mais assertiva possível à comunidade que construímos todos os dias.
Como tem evoluído o perfil do consumidor da ICONIC CLUB e que mudanças têm observado no comportamento do vosso público?
O nosso consumidor está a evoluir dia após dia, tornando-se cada vez mais exigente, o que é ótimo. Procuram mais do que uma peça de roupa. Valorizam a autenticidade, a atitude e a identificação. Temos observado um aumento da procura, o que nos mostra que a mensagem está a ser bem comunicada.
Qual é a abordagem da ICONIC CLUB relativamente a parcerias com influenciadores e criadores de conteúdo? Como é feita essa curadoria?
Procuramos quem se identifica com os valores da marca, influenciadores e criadores de conteúdo que sejam, de facto, ícones das suas próprias vidas e que levem uma vida icónica.
Que importância atribui à criação de comunidade em torno da marca? Há uma estratégia estruturada de CRM ou fidelização?
É fundamental. Trabalhamos o CRM com descontos exclusivos para membros, pré-lançamentos e conteúdos “behind the scenes“. Queremos que cada cliente se sinta valorizado dentro da comunidade.
Quais são as grandes metas da ICONIC CLUB para os próximos três anos?
A nossa visão para o futuro é ambiciosa, mas cautelosa: abrir uma loja em Lisboa e entrar nos mercados internacionais seria o ideal. Acima de tudo, porém, queremos manter a integridade criativa e continuar a inspirar os nossos membros a viverem da melhor forma possível.
Em termos de inovação — seja de produto, canal ou modelo de negócio — o que podemos esperar da marca no curto/médio prazo?
As t-shirts serão sempre o nosso principal produto, porém, sabemos que temos de criar novos produtos para conseguirmos satisfazer a nossa comunidade da melhor forma possível. No final do verão, com a chegada do outono, serão lançadas camisolas e hoodies. Exploramos a moda urbana e acreditamos que cada peça de roupa pode ter um significado artístico, daí a necessidade de estabelecer parcerias estratégicas para o desenvolvimento de coleções exclusivas com artistas urbanos. A nível de canal, o website será lançado brevemente, o que representará um marco importante para o crescimento da marca no mercado.
Que conselhos daria a novos empreendedores na área da moda e lifestyle, particularmente no que toca à construção de marca num ambiente digital?
Sejam autênticos desde o primeiro dia. O mercado não precisa de mais do mesmo. Criem uma história, uma comunidade e tenham a coragem de dizer “não” ao que não está de acordo com o vosso ADN. Sejam verdadeiros sobre o que vendem e comunicam, honestos com todas as pessoas que vos vêm. As marcas que duram não são as que seguem o guião, mas sim as que constroem identidade e acrescentam valor para quem as consome.
Se tivesse de escolher um ícone que represente a filosofia da marca — quem seria?
Na verdade, não existe um único ícone que represente a filosofia da ICONIC CLUB. A marca nasceu precisamente da ideia de que cada pessoa pode — e deve — servir de exemplo a si própria. Não seguimos modelos nem tendências. O nosso propósito é inspirar cada um a viver com atitude, presença e autenticidade.
Acreditamos que ter uma vida icónica não depende de estatuto, fama ou validação externa, mas sim de escolhas conscientes, momentos vividos intensamente e a coragem de quebrar rotinas. Por isso, o verdadeiro ícone da ICONIC CLUB é cada pessoa que decide viver à sua maneira todos os dias.