Bullying ao Marketing

Por Ricardo Cardoso, Marketing manager no Standvirtual

“Isso é marketing”: uma expressão usada para maltratar uma campanha feita sem amor, pensada única e exclusivamente com o objectivo de separar o dinheiro do seu dono: o consumidor. Usada quando não há a mínima preocupação de fidelizar clientes, para que eles voltem numa segunda compra.

Tudo bem em ofender estas campanhas, é justo. Mau é ver assim a palavra marketing ao rebolão, como saco de pancada de quem se sentiu enganado com má comunicação. Na verdade, existe uma expressão certa para isso – publicidade enganosa – e até está prevista num Decreto-Lei qualquer.

Marketing é outra coisa completamente diferente. É trabalhar o mercado, seduzir os clientes e nutrir uma relação que se quer longa e baseada em confiança, tal “como o amor deve ser, verdadeiro”. Pode ter um fundo capitalista ou suportar uma causa social, desde que crie valor.

Só assim será marketing.

Se é para enganar alguém, então que se use outra palavra. “Banhada”, por exemplo, serve que nem uma luva. “Isso é banhada” só ofende o acto em si. Deixa de fora todos aqueles que tentam fazer o melhor pela sua marca, com a sua profissão.

Do lado dos profissionais, resta não cair em tentação de querer resultados rápidos a qualquer preço. E por falar em preço, essa é muitas vezes a razão desta expressão maliciosa.

Anunciam-se preços baixos com condições que ninguém lê. Descontos que atiram areia para os olhos. Mas há mais: spam, textos vazios, promessas com mentiras e mentiras com números. Assim não dá. Somos marketeers ou banhadeers?

Esta má reputação à volta da publicidade e, de todas as outras vertentes do marketing, é quase bullying e deve ser defendida por todos os que estejam em contacto com uma campanha, activação, iniciativa, conteúdo. Mas ao contrário do bullying tradicional, o agressor aqui não é quem ataca. Neste caso é quem cria uma publicidade enganosa e um cliente insatisfeito.

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