Beta-i: de associação a plataforma de inovação

No espaço de uma década, a Beta-i passou de uma associação para uma plataforma tecnológica. Assunção Loureiro, co-fundadora e COO, explica à Marketeer que o propósito inicial passava pela criação de um sistema de inovação em Portugal mas que, actualmente, a missão da Beta-i é contribuir para a mudança e transformação de pessoas e organizações.

De acordo com a responsável, o percurso nem sempre foi fácil. Foi preciso investimento e dedicação até que a associação se transformasse numa plataforma de inovação, com uma equipa de 65 pessoas. As mudanças foram acompanhadas por uma evolução na identidade visual da Beta-i, a nível cromático e não só. «Mais do que romper com a anterior imagem, a Beta-i queria voltar às suas raízes, onde diversão e inovação eram quase sinónimos», conta Assunção Loureiro.

A Beta-i mudou muito em 10 anos, desde que foi fundada… Como descreve este trajecto?

Tem sido um crescimento incrível! Inicialmente, o nosso propósito era a criação de um ecossistema de inovação em Portugal – é importante pensarmos no nosso país há 10 anos -, e contribuir dessa forma para estancar a emigração de talento que a crise provocou. Hoje, com esse trabalho feito, apercebemos-nos do impacto exponencial e real que podemos ter ao maximizar o potencial das pessoas e das organizações, neste contexto de transformação digital em que vivemos. Esse é o nosso propósito hoje, contribuir para a mudança e transformação de pessoas e organizações e tem sido uma viagem única.

Nem sempre foi fácil, até porque implicou uma certa evangelização do mercado. Se em tempos de crise tipicamente as organizações se voltam para aquilo que consideram o ‘porto seguro’, acreditar e investir naquilo que não é palpável, no risco, foi um movimento arrojado. Os benefícios da inovação e da gestão da mudança, além de não serem óbvios, raras vezes são imediatos. Por isso, foi preciso um enorme investimento, principalmente de tempo e dedicação, em reuniões, formações e apresentações, até que pouco a pouco, o mercado foi reconhecendo o mérito do nosso trabalho, e o valor que de facto conseguimos aportar às organizações.

Hoje, somos uma plataforma de inovação, uma equipa de 65 pessoas, de 10 nacionalidades, com competências que nos permitem ser reconhecidos como um forte “player” internacional de inovação e que está apostado em continuar a fazer crescer pessoas, organizações, empresas, startups, cidades ou países, nos seus processos de transformação e crescimento, através de lógicas de empreendedorismo e inovação.

assunção loureiro beta-i

O que mudou na Beta-i enquanto marca ao longo desta década?

A marca Beta-i mudou muito porque a empresa Beta-i também passou por uma metamorfose, mas é um percurso natural. Já não somos associação e conseguimos de alguma maneira dar a nossa missão inicial como cumprida.

Se é verdade que no nosso ADN teremos sempre um forte sentido de comunidade, de ligação à causa do empreendedorismo, também é verdade que trabalhamos cada vez mais com grandes organizações que reconhecem a necessidade de inovar nos seus processos, nos seus produtos e nos seus serviços.

Parte da “magia” dos nossos programas de inovação aberta, por exemplo, é precisamente a capacidade de encontrarmos as sinergias que permitem resolver os desafios de negócio das grandes empresas ao mesmo tempo que permite às start ou scaleups ganharem tracção no mercado.

É expectável que continue a crescer e, consequentemente, a mudar? Em que sentido?

Sim e muito. Com o ADN da Beta-i, crescimento e mudança são incontornáveis e a tendência é que nos tornemos uma marca cada vez mais global. Trabalhámos nos últimos dois anos com cerca de 200 clientes, mais de metade dos quais com marcas e impacto internacionais, de mais de 15 nacionalidades. E, tipicamente, mantemos relações de médio ou longo prazo, com programas plurianuais.

A nível visual e de marca, como foi esta evolução? Que mensagem pretendiam passar?

De início, a marca era jovem, mais irreverente, e pretendia, antes de mais, estabelecer o nome “Beta-i” com alguma força, pois era uma marca nova num território também inexistente. Basicamente, sentimos que era preciso criar esse espaço para depois o ocupar. O logo era laranja também por isso, porque nos permitia chamar mais a atenção.

Passada essa fase, evoluímos para um conceito que nos permite passar melhor valores como a plasticidade, flexibilidade e fluidez, vitais para conseguirmos afirmar a comunidade que começámos a criar. Mantinha-se a necessidade de marcar presença, mas agora podíamos ser visualmente menos ostensivos. Mais do que romper com a anterior imagem, a Beta-i queria voltar às suas raízes, onde diversão e inovação eram quase sinónimos, e onde os projectos disruptivos eram desafios diários. E o “Ready when you are”, a assinatura de então, incorporava muito esse espírito.

Com a complexificação dos desafios e a multiplicação de clientes e projectos, acreditámos que era tempo de assumir uma nova promessa de marca, que se materializou na nossa actual assinatura: “Building the Innovation Ecosystem”. Mais alinhada com a actual dimensão e ambição da Beta-i, a fluidez do logo está muito ligada à flexibilidade exigida ao que fazemos, à construção de ligações e de redes, a procura de respostas e de soluções.

À medida que nos aproximamos dos 10 anos de marca, que se celebram no final deste ano, é inevitável que olhemos de novo para a nossa marca, entretanto mais madura, consolidada e experiente. É possível que ela venha a ser alvo de nova actualização, sempre sem colocar em causa o nosso património afectivo, nem a nossa identidade.

beta-i logo antes e depois

As alterações ao logo e identidade foram desenvolvidas em parceria com uma agência?

A identidade inicial foi desenvolvida internamente, mas na segunda interpretação da marca a Ogilvy foi nossa parceira criativa em estreita colaboração com o nosso gabinete de marketing. Esta segunda fase, que teve lugar em Dezembro de 2015, visava dar resposta a um desafio central: como encarar um mercado que todos os dias se redefine, que todos os dias evolui, que todos os dias está em mutação.

Foi um trabalho muito interessante e de certa forma paradoxal, pois éramos uma marca que, ao trabalhar na identificação dos desafios e na busca de soluções, necessitava de garantir o espírito aberto a essa constante mutação e à assunção de que, muitas vezes, não teremos a solução, ou uma solução, mas sim várias. Foi fundamental alavancarmos a nossa identidade a partir daquilo que, acima de tudo, queríamos evitar – os lugares comuns, o fazer porque sim ou porque continua a correr bem.

O que ainda falta fazer à Beta-i?

Tudo o que ainda não fizemos! O difícil quando se escolhe trabalhar em inovação é precisamente isso: é que em inovação continua sempre tudo a ser uma possibilidade e temos de nos manter sempre na linha da frente, em termos de atitude, mas também de novas soluções, tecnológicas ou outras, pois é isso mesmo que exigimos aos nossos parceiros também.

Falta-nos reforçar a comunidade, desafiar clientes e desenvolver projectos, capacitar mais empreendedores e startups e ajudar os nossos parceiros a perceber melhor o futuro do seu negócio, incorporando as lógicas de inovação que construímos juntos.

Na verdade, o território que ocupamos, aquilo que defendemos e a base do que fazemos é realmente pouco confortável para a maioria das pessoas e, por consequência, para as organizações. Obriga a um exercício constante de saída da zona de conforto, de explorar o inexplorado, tanto em termos de inovação incremental como disruptiva. Se extrapolarmos isto para o dia-a-dia de uma grande empresa, como é o caso da maioria dos nossos stakeholders, facilmente se percebe porque nos orgulhamos tanto de todos os nossos parceiros, em particular dos nossos clientes! Além de francamente corajosos, acabam por ser pioneiros nas suas áreas de negócio.

Como organização de inovadores e empreendedores, queremos, acima de tudo, continuar a aprender e a redesenhar o futuro com soluções criativas e orientadas para o negócio, para continuarmos a ser relevantes e a acrescentar valor aos nossos stakeholders.

beta-i equipa

Texto de Filipa Almeida

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