Há um equívoco silencioso que atravessa o mercado da comunicação: o de que fazer assessoria de imprensa é escrever um comunicado e enviá-lo para uma lista de jornalistas. Como se a relevância fosse um dado adquirido, como se o noticiável estivesse garantido por defeito. Mas a verdade é que, para quem vive os bastidores da comunicação todos os dias, essa visão não podia estar mais distante da realidade.
A assessoria de imprensa é, acima de tudo, um exercício de escuta, de leitura do mundo, de afinação narrativa. É saber olhar para dentro de uma marca e encontrar nela a história que importa contar. Não a história que a marca quer empurrar. Mas a história que faz sentido para os outros. Para o jornalista. Para o leitor. Para o contexto.
Contar uma história relevante é muito diferente de fazer um anúncio. É preciso perceber o que pode ser notícia, o que está alinhado com a agenda mediática, o que pode gerar conversa. É preciso ter sentido de oportunidade, mas também sensibilidade para o detalhe. Porque nem sempre é o produto que interessa. Às vezes é o percurso. O contexto. O impacto. Ou, simplesmente, a forma como se conta.
Fazer assessoria de imprensa não é falar sobre a marca. É encontrar pontos de contacto entre a marca e o mundo. Entre o que ela é e o que o mundo está disposto a ouvir. E isso exige um conhecimento profundo do panorama mediático, mas também da essência do cliente. Exige escuta ativa, empatia, edição.
Às vezes, um negócio aparentemente banal pode tornar-se numa história que capta a atenção dos media. Outras vezes, um grande lançamento não passa da nota de rodapé. Tudo depende da forma como é lido, escrito, apresentado. E é aqui que está a diferença entre uma agência que executa e uma que pensa. Entre um comunicado que cai no vazio e uma história que ganha asas. É aqui que entra o verdadeiro papel do consultor de comunicação: interpretar o que está por trás do briefing, identificar o que é relevante para além do óbvio, e conseguir ligar essa relevância ao que os media realmente procuram. O que faz a diferença não é o tema em si, mas a lente com que é apresentado. E essa lente não pode ser neutra — tem de ser estratégica, ajustada ao tempo, ao lugar e ao público.
Vivemos num contexto em que os jornalistas estão cada vez mais pressionados por tempo, espaço e critérios editoriais apertados. Recebem centenas de e-mails por semana e, muitas vezes, decidem em segundos o que merece ser lido. Por isso, a assessoria de imprensa não pode ser sobre quantidade, mas sobre intenção. Não é enviar por enviar — é saber o que vale a pena enviar, quando e a quem.
Mais do que distribuir mensagens, fazemos pontes. Mais do que divulgar, traduzimos. Mais do que comunicar, contextualizamos. Porque, no fim do dia, comunicar com impacto não é falar mais alto. É dizer algo que o mundo queira escutar.
E isso é tudo menos um disparo de email. É estratégia. É timing. É escuta. É escrita. É edição. É arte.
Assessoria de imprensa é isso: contar histórias com o peso certo, no tempo certo, para os olhos certos.