As redes de pesca que são roupa

Reduce – Reuse – Recycle. A premissa é de Carolina Palla Neves que à sua marca Pallas – de malas e sapatos – acrescentou agora roupa, naquela que é a Reborn Collection, feita a partir de redes de pesca.

Quando o desperdício de redes de pesca utilizadas e abandonadas servem como base ao desenvolvimento de toda uma colecção, em que cada peça junta matérias-primas naturais, seleccionadas num design único e consciente, isso é Reborn Collection. E a culpada é Carolina Palla Neves que à sua marca de malas e sapatos decidiu agora acrescentar este conceito.

Sim, há uns anos Carolina lançou a Pallas, uma marca que começou por ser de malas e se estendeu ao calçado e que ganhou rapidamente clientes fiéis. Este ano, e respondendo a pedidos e procura de clientes, quis ir ainda mais longe e desenhou uma colecção composta por 10 modelos de peças de roupa, só em duas cores, que se podem combinar entre si ou usar de forma independente.

A ideia, diz Carolina, é «combinar os modelos criando sempre looks diferentes e que resultam com os três modelos de calçado também desenvolvidos para diferentes ocasiões.» Produzida artesanalmente em Portugal, cada peça é única e, por isso, qualquer diferença na tonalidade, marca ou imperfeição assume-se como característica das mesmas.

«Temos o cuidado de explicar aos clientes as características da peça. Temos um descritivo que enviamos juntamente com cada peça a explicar todo o conceito, até porque as redes são usadas e umas podem estar mais manchadas que outras, mas essa é a ideia e o que a torna genuína», explica. E acrescenta: «A Pallas tem a característica de ser uma marca desenhada em Portugal e produzida em Portugal, tem esse carácter de proximidade. O uso de materiais reciclados é uma tendência transversal a varias áreas de negócio. Nesta colecção tivemos como foco usar materiais que seriam desperdício. Daí darmos uma nova vida a estes materiais, juntando o design Pallas a esta colecção.»

O projecto iniciou-se no Inverno, quando, «por casualidade», como diz, teve contacto com o material e de imediato começou a pensar na colecção de calçado. Depois disso, foi à procura de materiais em paralelo com a fase de desenho, concebendo os primeiros protótipos até chegar ao protótipo final. «Há alturas em que tenho de ajustar o desenho ou o material por não resultar logo bem ou como idealizámos». Seguiu-se a produção, até ficar disponível para venda em www.pallas.pt e na Casa da Cultura da Comporta, sendo que a intenção é alargar a outros pontos.

«O meu objectivo era lançar uma colecção original com materiais reciclados, que tivessem qualidade e durabilidade e que fossem, acima de tudo, intemporais. Demorei algum tempo a encontrar o material indicado. Não era objectivo comprar material reciclado num fornecedor, pelo contrário. Procurei algo mais autêntico e que tivesse identidade com a nossa marca. Encontrei a possibilidade de usar redes de pesca que estavam fora de circulação (lixo) em parceria com pescadores locais. O processo de ir apanhar, tratar, lavar, cortar, tudo tem mais magia!
O maior investimento que fizemos foi no design e na criatividade para conseguir fazer peças únicas e diferenciadoras com o que existe no mercado, à parte de toda a produção», conta.

Comunicada, para já, apenas e só no Instagram, tem dois modelos mais procurados – o top e a saia – e como preço médio 160 euros. Agora, a vontade de Carolina é continuar a crescer, em particular no mercado internacional, defendendo ser importante estar próximo «do cliente final, seja nacional ou internacional».

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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