As pesquisas morrem. Os consumidores querem conversas!

NotíciasOpinião
Marketeer
28/05/2025
20:02
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Opinião de Daniela Agra, Presidente da ATREVIA Portugal

Gostaria de lançar um olhar sobre um tema que me apaixona profundamente – a forma como nos ligamos à informação e, acima de tudo, como nos ligamos uns aos outros.

Durante anos, o Google foi a nossa “bússola”. Uma ferramenta indispensável que revolucionou a forma como encontrávamos respostas, desde a sua chegada em 1998, especialmente para os Millennials que cresceram com a transição para o digital. Mas também para os Baby Boomers e a Geração X, que testemunharam uma viragem radical, de enciclopédias e bibliotecas para o conhecimento à distância de um clique.

No entanto, segundo o Statcounter, a quota de mercado global do Google caiu para menos de 90% nos últimos três meses de 2024, evidenciando uma mudança claríssima nos hábitos de consumo de informação.

A comunicação acompanha sempre os movimentos da sociedade. Neste momento, vivemos uma mudança profunda e estrutural na forma como nos relacionamos. As pessoas sentem-se sobrecarregadas. A abundância de conteúdos, longe de facilitar, muitas vezes bloqueia. Aquilo que antes era sinónimo de acesso e eficiência, com listas de links, palavras-chave e resultados ordenados, agora parece demasiado impessoal e exaustivo.

É aqui que entram novas plataformas e tecnologias, como o TikTok, ou soluções alimentadas por inteligência artificial (IA), a trazer novas dinâmicas ao processo de pesquisa.

No TikTok, os utilizadores obtêm respostas através de experiências imersivas, com tutoriais, desafios e testemunhos autênticos. Seguindo a mesma linha de raciocínio, assistentes de IA não se limitam a fornecer respostas, estabelecendo um diálogo com personalização de recomendações e antecipação de necessidades.

A mudança é clara: procuramos empatia digital! Queremos soluções que nos compreendam antes sequer de responderem.

Pesquisar sobre uma marca já não se resume a explorar um website, ler uma notícia ou consultar uma opinião num blog. Os consumidores procuram uma experiência mais imersiva, que lhes permita compreender a perceção de outros utilizadores, esclarecer dúvidas de forma imediata, e aceder a informação de forma fluída e envolvente, sem a necessidade de percorrer múltiplos passos. O desejo de escutar e ser escutado, mesmo quando o tema é prático e simples.

O mesmo se aplica a questões do quotidiano. Se um utilizador pretende saber como pendurar um quadro, uma pesquisa tradicional já não é suficiente. Espera uma experiência mais dinâmica, pois quer obter respostas contextualizadas e aprofundar dúvidas em tempo real, algo que a IA permite de forma eficiente, enquanto plataformas como o TikTok oferecem uma componente visual e demonstrativa, tornando o processo muito mais intuitivo e acessível.

Construir presença digital não significa só estar disponível. Significa estar presente. Significa ter a capacidade de entrar na vida das pessoas com naturalidade, verdade e utilidade. O foco é a conexão.

O que fazer, então, num tempo em que o consumidor quer conversar e não apenas consumir?

Ouvir antes de falar; produzir conteúdo com contexto e intenção; humanizar a tecnologia; e, por fim, reforçar a confiança e a credibilidade. Num ambiente saturado de ruído, a fiabilidade é uma vantagem competitiva. A coerência, a verdade e o compromisso com a qualidade são inegociáveis.

A comunicação, independentemente da plataforma ou do meio utilizado, continua a depender da capacidade humana de interpretar, contextualizar e transmitir mensagens de forma relevante. Porque, afinal, as pessoas querem conectar-se e esse desejo de ligação nasce sempre de uma forma humana – de pessoa para pessoa.


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