“As marcas globais gostam e precisam de se destacar pelo áudio”, Lucas Duque, diretor criativo da Sonido

EntrevistaNotícias
Lídia Belourico
26/06/2025
18:20
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Lídia Belourico
26/06/2025
18:20
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Num momento em que o som se afirma como um poderoso instrumento de diferenciação e impacto emocional na comunicação de marca, a Sonido celebra 23 anos de existência com reconhecimento global. Da origem no Brasil até à presença em três continentes, a produtora de áudio tem deixado uma marca singular na indústria, impulsionada por uma visão artística apurada e uma dedicação ao detalhe que atravessa projetos de todas as escalas.

Em entrevista exclusiva à Marketeer, Lucas Duque, sócio e diretor criativo da produtora de som Sonido, reflete sobre o percurso da empresa, os bastidores do premiado projeto “Magnetic Stories” — vencedor do Grand Prix em Cannes — e o papel transformador do som na experiência humana. Fala ainda sobre criatividade intercultural, inteligência artificial e o futuro da publicidade sonora, deixando claro que, na Sonido, cada peça nasce com uma missão: criar ligações verdadeiras entre marcas e pessoas, através do poder do áudio.

A Sonido celebra 23 anos num momento de grande reconhecimento internacional. Qual tem sido o segredo para manter a relevância criativa ao longo de mais de duas décadas?

 

Eu vejo a Sonido com uma grande maturidade. Compreendemos o equilíbrio entre os grandes projetos e os mais pequenos, o dia a dia do mercado. Acredito muito que uma produtora é feita de pessoas e talentos diferentes, que mostram as suas qualidades em projetos diferentes. Ao mesmo tempo, levamos essa vontade do craft bem-feito, do esmero, pra todos os nossos projetos.

 O projeto Magnetic Stories conquistou o Grand Prix em Cannes em 2024. Como nasceu essa ideia e de que forma o som pode humanizar experiências médicas tão delicadas como uma ressonância?

 

Este projeto é gigante. Compreendemos a nossa responsabilidade, a responsabilidade do áudio, desde o início. Uma busca minuciosa pelo tom de voz, o mapeamento do som das máquinas, o aperfeiçoamento dos guiões a partir desse mapeamento, foi tudo feito com muito cuidado. A nossa paixão pelo que fazemos faz-nos acreditar que a música muda o mundo. Melhora, liga. Existem estudos muito sérios sobre o poder da música no cuidado de doentes com todo o tipo de condições. Fazer parte disto é muito gratificante.

Com presença em cinco cidades e três continentes, como é feita a gestão criativa entre culturas tão distintas? A identidade da Sonido adapta-se ou mantém-se transversal?

 

Nascemos no Brasil há 23 anos e atuamos internacionalmente há mais de dez anos. Então entendemos que o nosso ADN precisa de ser mantido, mas os sotaques locais também. Temos conseguido sucesso com este modelo e continuamos a aprender. Porque nem essa aplicação é transversal. Os EUA, por exemplo, precisam de um processo muito diferente do da Polónia.

O que distingue uma boa peça de áudio? Quais os elementos essenciais para criar uma narrativa sonora realmente memorável e eficaz para marcas?

 

Uma pergunta difícil… Porque, antes de mais, parafraseando o documentário  A Pessoa é para o que Nasce, do cineasta e realizador brasileiro  Roberto Berliner, a peça áudio é para o que nasce. E a criatividade também mora aí. Termos um assunto, uma marca, e sermos criativos, usarmos os nossos melhores recursos faz a diferença e seguirá fazendo.

A Sonido já trabalhou com marcas como Oreo, WhatsApp e BMW. Como é o processo de traduzir valores de marcas globais em experiências sonoras únicas?

 

São marcas que confiam naquilo que se traz. Os processos são sempre de grande troca e desenvolvidos a várias mãos. Na grande maioria das vezes, somos ligados desde muito cedo nos projetos, o que facilita imenso. As marcas globais gostam e precisam de se destacar pelo áudio. É aí que entramos.

A inteligência artificial está a transformar também o universo da produção de som. É uma ameaça, uma aliada ou ambos? Como tem encarado essa evolução?

 

Tenho acompanhado de perto a IA e a sua evolução. Penso que, hoje, é nossa aliada. Tem-nos ajudado bastante. Enquanto formos criativos para a utilizar e evoluir/potenciar a nossa criatividade, temos hipóteses.

Como diretor criativo e jurado internacional, que tipo de abordagens ou tendências têm surpreendido mais você na publicidade sonora recente?

 

Sei que soa a cliché, mas a música é dos maiores agentes transformadores. Portanto fazer música para chamar a atenção para questões importantes para o mundo, usar o áudio como ferramenta transformadora interessa-me muito.

 


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