As lições de design da Pixar para apresentações profissionais

Por Eduardo Adas, sócio fundador da SOAP – State of the Art Presentations

Já se perguntou por que os vilões dos filmes de animação costumam ter formas mais pontiagudas e afiadas, enquanto as personagens bondosas são mais arredondadas? Do formato do rosto à cor da roupa, tudo num desenho animado é pensado para gerar ligação emocional com o público.

Deanna Marsigliese, Paul Abadilla e Joshua Holtsclaw, directores de Arte da Pixar, falaram sobre o assunto durante as suas participações na edição deste ano do South by Southwest (SXSW), conjunto de festivais de cinema, música e tecnologia realizados desde 1987, em Austin, no Texas. Durante o SXSW 2019, promovido entre os dias 16 e 22 de Março, cada um deles contou como é o processo criativo das personagens e cenários da gigante norte-americana de animação digital da Walt Disney Company.

O design e os recursos visuais são recursos poderosos para chamar a atenção do público em desenhos animados. No entanto, como o processo de criação do universo das animações pode ajudar em apresentações profissionais do dia-a-dia?

1 – Dê importância às referências: Marsigliese, Abadilla e Holtsclaw trabalharam juntos no filme “Os Incríveis 2”. Se assistiu ao filme, você provavelmente notou que o vilão Winston Deavor tinha um nariz exageradamente grande e sempre usava roupas de cores frias. Esses detalhes não apareceram à toa. Segundo Deanna, a ideia era que a imagem da personagem remetesse, inconscientemente, a um tubarão. A designer queria que a audiência tivesse uma sensação de alerta e medo sempre que Deavor surgisse na tela.

Você pode estar se perguntando: “certo, mas o que isso tem a ver com uma apresentação profissional?”. Tudo! Assim como numa animação, na hora de montar uma apresentação é fundamental ter um norte, uma ideia principal que sirva de referência. Isso vale para detalhes que vão desde a escolha das cores, frias ou quentes, até as formas geométricas que vão guiar a diagramação. São as referências que vão estimular sensações inconscientes. Por isso, é imprescindível que o visual impactante de uma apresentação não apenas ilustre o que está sendo dito, mas aumente as chances de a mensagem ser entendida e retida. Com o suporte visual, é mais fácil criar conexão emocional;

2 – Defina a identidade visual: você já deve ter visto uma propaganda e reconhecido logo de cara a marca, antes mesmo de ela aparecer na tela. Isso acontece quando empresas têm uma identidade visual consolidada. Assim como no caso do vilão que lembra um tubarão, as referências que levam à construção da identidade da marca devem estar presentes em todo o projecto. Cores, formas e fontes ajudam a definir a “personalidade” e o “tom” da apresentação;

3- Planeie a arquitectura da informação: na hora de dispor os elementos na tela, leve em conta que a leitura é feita sempre da esquerda para a direita, de cima para baixo. É assim que os nossos olhos percorrem telas, páginas de livros e jornais, por exemplo. Um slide mal diagramado, sem contrastes e com alinhamentos diferentes pode passar a impressão de algo confuso. Lembre-se: o cérebro naturalmente busca por padrões e, ao oferecer um visual confuso para sua audiência, você corre o risco de, inconscientemente, criar aversão em vez de engagement. Tornar a apresentação mais didáctica vai ajudá-lo a prender a atenção do seu público e fazer com que ele assimile bem o seu discurso.

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