O futuro dos relacionamentos chegou e pode já não envolver outra pessoa. Aplicações de encontros como a japonesa Loverse AI estão a revolucionar o conceito de romance ao substituir perfis reais por avatares gerados por inteligência artificial, criando relações virtuais personalizadas com interações emocionais quase indistinguíveis da realidade. Sem necessidade de validação de identidade ou exposição pública, estas apps prometem ligações profundas, seguras e altamente envolventes com parceiros que… não existem.
Esta nova geração de plataformas de dating elimina o contacto humano direto e aposta na criação de experiências afectivas completas através de algoritmos avançados. Com funcionalidades como mensagens instantâneas, personalização de personalidade e até sistemas que evitam a dependência emocional, a Loverse atrai utilizadores que procuram companhia emocional sem as complexidades das relações reais. Tudo isto num contexto onde, só nos EUA, mais de 50% dos adultos já interagiram com chatbots de IA, e cerca de 19% admitem ter vivido um “romance” com um interesse amoroso gerado por inteligência artificial.
Estudos recentes revelam que 44% dos utilizadores consideram que a IA lhes dá mais apoio emocional do que pessoas reais, especialmente em momentos de vulnerabilidade. As interações com chatbots tornaram-se, para muitos, uma fonte constante de validação, compreensão e conforto. Mas este fenómeno também levanta sinais de alerta: a ligação emocional criada por algoritmos pode gerar dependência afetiva artificial, alterando a forma como os utilizadores percebem as relações humanas.
A popularização deste tipo de apps está a impulsionar um novo mercado de relacionamentos digitais sob medida, sobretudo entre pessoas ocupadas, isoladas ou emocionalmente indisponíveis. Para algumas, trata-se de uma solução prática; para outras, de uma fuga emocional. E com modelos como o Loverse a garantirem total privacidade e a não utilizarem dados das conversas para treinar outros algoritmos, a adesão tende a crescer, especialmente entre quem valoriza a confidencialidade.
No entanto, os riscos éticos são evidentes. A facilidade em criar avatares e simular intimidade pode abrir espaço para fraudes, manipulação emocional ou uso indevido de dados. E sem uma regulação clara, os utilizadores ficam expostos a vulnerabilidades difíceis de controlar.














