Numa época em que os golpes de herança falsa, tão comuns na Internet, fazem vítimas por todo o mundo, poucos se comparam à audácia e à escala do golpe que envolveu o nome do pirata inglês Francis Drake, orquestrado por Oscar Hartzell, um agricultor de Illinois. Em 1933, ele foi preso e condenado após enganar até 100 mil pessoas, prometendo-lhes uma fortuna milionária em troca de pequenos investimentos.
O golpe teve início com uma promessa irrecusável: uma herança colossal de Sir Francis Drake, falecido em 1596 sem deixar herdeiros conhecidos. Hartzell, inicialmente vítima de um esquema, logo se tornou o maior vigarista da história americana ao juntar-se a outros burlões para formar a “Associação Sir Francis Drake”, garantindo credibilidade ao esquema, conta o ‘El Economista’.
O agricultor e os seus cúmplices convenciam as vítimas de que haviam descoberto um laço de parentesco com o pirata, oferecendo-lhes a oportunidade de reclamar parte da sua suposta fortuna, que seria calculada em milhares de milhões de euros. Prometiam lucros impressionantes, de até 900 euros para cada euro investido, e usavam documentos e histórias elaboradas para enganar as vítimas, incluindo um suposto investimento legal para desbloquear a herança.
Com o golpe a funcionar, Hartzell começou a recrutar agentes e convencendo até juízes e mulheres da alta sociedade a envolverem-se. Com os fundos a crescer, mudou-se para Londres, onde vivia com o luxo das doações, enquanto mantinha as suas vítimas convencidas de que a herança estava por vir.
No entanto, a crescente investigação do FBI e o colapso económico de 1929 marcaram o fim do império fraudulento de Hartzell. Em 1933, após uma série de investigações, ele foi preso em Londres, onde foi julgado e condenado a 10 anos de prisão. Embora ainda recebesse apoio dos seus seguidores, o seu comportamento paranoico e delírios levaram ao diagnóstico de esquizofrenia. Hartzell faleceu em 1943, após ser transferido para um hospital psiquiátrico.
