A verdadeira sopa japonesa serve-se no Kapitan Ramen

Quando se desce as escadas do Kapitan Ramen Bistro aquilo com que nos deparamos é um verdadeiro cantinho do Japão em Lisboa. A proposta do restaurante é simples: trazer a verdadeira sopa japonesa à cidade.

Dentro da sala é difícil não nos questionar se estamos, de facto, no centro de Lisboa (o restaurante fica na movimentada Rua Alexandre Herculano, nas proximidades da Avenida da Liberdade). Todo o ambiente está desenhado para que nos sintamos no Japão: das peças expostas nas paredes aos candeeiros de tecto, passando pelos posters alusivos. Tudo nos remete para a cultura nipónica. Depois, prestando atenção ao burburinho que nos rodeia, conseguimos identificar vários idiomas. Mas afinal é isto que significa estar num restaurante internacional numa cidade cosmopolita como Lisboa se afirmou, de forma cada vez mais acérrima, nos anos mais recentes.

Mas voltemos ao que nos levou ao Kapitan Ramen Bistro: o ramen, caldo saboroso e fumegante que os chineses levaram para o Japão no século XIX. A receita do ramen preparado no Kapitan veio directamente de Yokohama, no Japão, onde as fundadoras do espaço fizeram o curso e se especializaram na iguaria.

Aqui pode ser encontrado em três variedades: o tradicional de porco, o de frango que os portugueses adoram e o vegetariano que responde às novas tendências de consumo alimentares. Experimentámos os dois primeiros, mas não conseguimos decidir qual dos dois nos enche mais as medidas. Portanto, se for acompanhado, partilhe com o outro comensal e depois diga-nos se consegue decidir.

Mas se for com tempo e apetite não deixe de, antes, se deixar tentar pelas entradas. Aí há duas que não deve privar o seu palato de se deleitar: os pastéis de polvo que são super cremosos e as gyosas que, apesar de ligeiramente picantes (mesmo para pessoas com alguma tolerância), são muitíssimo gostosas.

Yukun Zhang (a chinesa que se apaixonou por Lisboa e a sua forma de receber da primeira vez que a visitou, como turista) conta-nos, à mesa, como começou esta aventura e que foi desafiada pela sua sócia (também chinesa, mas a viver em Portugal há quase duas décadas) a abrirem um espaço dedicado ao ramen. Yukun Zhang que tinha negócios na sua terra natal acedeu ao desafio e decidiram-se a aprender a fazê-lo bem feito antes da abertura do primeiro espaço. Nesse seguimento estiveram em Yokohama a aprender os segredos com quem sabe.

Vindas de lá abrem o primeiro espaço que, devido às limitações de área (no máximo 20 pessoas), acabava por deixar alguns clientes frustrados por não conseguirem desfrutar do tão almejado prato. Começava, assim, a busca por um novo espaço, com uma cozinha maior, que permitisse alargar um pouco a oferta, além do ramen tradicional de carne de porco.

Uns meses antes do estalar do conflito na Ucrânia, descobrem um espaço, na Alexandre Herculano, com todas as características que procuravam e decidem-se a apostar num segundo espaço com o mesmo conceito. O espaço arrendado pertence a um ucraniano que entretanto conseguiu fugir para a Polónia. «A renda do espaço é o único meio de subsistência dessa família e este é mais um motivo que nos faz querer muito que o Kapitan Ramen Bistro seja um sucesso!» Algo que tem estado a acontecer com muita procura ao almoço e também ao jantar já que estão sempre abertos (fechando muitos dos restaurantes das redondezas ao jantar). Foi através do Instagram e da colocação da nova localização no Google Maps que deram a conhecer o novo espaço. «E vamos dizendo aos clientes que vão ao restaurante inicial que existe outro.»

E o novo espaço tem mais uma particularidade quanto à sua oferta que se divide em três tamanhos distintos. O tamanho standard é o L. «Mas algumas clientes acham muita quantidade e podem escolher o M para não haver desperdício», conta. Do outro lado da balança há também o tamanho XL para aquelas pessoas que comem mais quantidade (e se os noodles não forem suficientes, servem-lhes mais sem custos extra).

Enquanto desfrutamos de um mochi à sobremesa, Yukun Zhang conta-nos que o plano é criar uma cadeia com cerca de dez espaços. «Por uma questão de marketing será mais fácil comunicar», explica. Nos planos está já a abertura de um terceiro espaço, ainda este ano, em Lisboa.

Texto de Maria João Lima

Artigos relacionados