A transformação na indústria dos media e do entretenimento

Por Isabel Reis, managing director Enterprise – Spain & Portugal na Dell Technologies

A indústria dos media e do entretenimento mexe com muito dinheiro e, nos dias de hoje, os consumidores têm elevadas expectativas relativamente aos equipamentos digitais e disponibilização de conteúdo. Os conteúdos em alta definição, com efeitos de pós-produção cada vez mais complexos, implicam crescentes exigências no que diz respeito a espaço de armazenamento, capacidades de processamento e analítica. Todos, desde os designers que fazem o rendering de frames individuais, até às empresas de emissão que distribuem o conteúdo finalizado, sentem a pressão.

Além disso, numa altura em que os dados se tornam rapidamente um activo valioso, as empresas de media e entretenimento procuram estratégias e soluções mais eficientes, capazes de permitirem o acesso aos actuais activos, assim como aos que podem adquirir no futuro.

As boas notícias são que muito embora a tecnologia tenha conseguido transformar as expectativas dos espectadores, estes permitiram que as empresas responsáveis por conteúdo e os prestadores de serviço colocassem as suas visões criativas nos ecrãs de pequenas e grandes dimensões em todo o mundo, de formas mais eficientes e inovadoras.

Disponibilizar a transformação digital no mundo de Media & Entretenimento

A transformação digital é um conceito fundamental nas organizações da actualidade. As vantagens disponibilizadas pelas tecnologias emergentes continuam a demonstrar valor para atrair empresas e fazê-las crescer. Para esta indústria, a adopção de uma infraestrutura de TI inovadora e de estratégias digitais está a tornar-se um elemento diferenciador, permitindo que aproveite os activos de dados, conseguindo assinar mais contratos para disponibilizar conteúdo de media de alta qualidade.

Todavia, trata-se de uma viagem complexa. Como parte da evolução do negócio moderno de media & entretenimento, os directores seniores e os responsáveis pelas decisões de TI deverão ter em consideração os seguintes aspectos de uma transformação bem-sucedida:

– A transformação da força de trabalho é cada vez mais importante para as empresas que operam nesta indústria. Tomando como exemplo uma empresa de efeitos visuais que assina um contrato para desenvolver e produzir o próximo sucesso de bilheteira: não tem apenas de contar com a fonte de talento para trabalhar nas filmagens (possivelmente contratando mais gente), mas precisa de configurar workstations suficientes com o mais recente hardware e software, para gerir as tarefas e depois implementar a solução centralmente ou remotamente dependendo da força de trabalho – uma força de trabalho que está, de resto cada, vez mais dispersa pelo globo;

– Virtualização oferece numerosos benefícios para negócios da área de media e entretenimento, não apenas de natureza tecnológica mas de outros aspectos também. Por exemplo, a indústria assistiu recentemente a alterações significativas na arquitectura de licenciamento e em ecossistemas plug-in, sendo que, com a mudança em direcção a produção colaborativa a nível global, a virtualização das workstations dos artistas é, agora, um facilitador de negócios-chave. Além disso, a virtualização permite que as organizações disponibilizem novas aplicações independentemente do hardware, o que significa que os programadores podem ser mais flexíveis mantendo a compatibilidade com as mais recentes aplicações. Com planos de pagamento baseados em subscrições ou licenças em soluções de software de media que estão a chegar ao mercado, os estúdios de design podem confiar em infra-estruturas virtualizadas para implementarem facilmente e, com uma boa relação custo/benefício, as ferramentas necessárias para a força de trabalho global.

A virtualização pode ajudar os negócios criativos a fazerem a transição para modelos OpEx, acrescentando assim eficiência nos custos e facilitando a simplificação de gestão de activos e investimentos à medida que o negócio cresce neste sector dinâmico;

– Para os negócios desta área, os dados de capital – que se referem ao valor de monetização do que está guardado na biblioteca de activos – representa uma proposta de valor crítica, não apenas em termos de fluxos de trabalho regulares, mas ainda em fontes adicionais de receita que podem permitir investimento em crescimento e o desenvolvimento de novas ofertas. Muito embora muitas empresas tenham problemas com silos de dados – onde o verdadeiro valor das informações não pode ser extraído – os data lakes estão a permitir que as empresas juntem as aplicações aos dados, construindo desta forma uma rota eficiente para garantir monetização. A indústria reconheceu este cenário, mas existem diferentes desafios que impediram até agora que a mesma tivesse conseguido desbloquear de facto o valor dos dados.

Num panorama de um único fluxo e de elevado rendimento, com fluxos de trabalho de baixa latência fruto de tarefas de edição, de efeitos visuais e de gaming, existe uma crescente necessidade de armazenamento de elevada performance dentro do perímetro da empresa para servir as exigências da criação de conteúdo. Isto porque muitas das aplicações necessárias não são ainda concebidas nativamente para este fim e dada a natureza dos requisitos de produção dos actuais sucessos de bilheteira – que exigem amiúde fluxos acima de 1 GB/s. Estas implicações dificultam bastante o suporte de produção a partir da cloud.

A cloud pública, todavia, é uma excelente opção para um rápido crescimento do fluxo de trabalho, quando temos em conta novos modelos de negócio – caracterizados por incertezas sobre a altura de pico de necessidade de dados e como se consegue gerir esta necessidade dentro do perímetro da empresa. Assim que a empresa tenha tempo para testar novos modelos e recolher informação suficiente para conseguir prever novas necessidades, o fluxo de trabalho pode ser selectivamente importado para o armazenamento no perímetro da empresa, para garantir modelos com uma boa relação custo/eficiência.

Para alcançar a melhor performance e relação custo/eficiência, torna-se necessário aproveitar os benefícios de um modelo híbrido, adoptando tanto as soluções de armazenamento da cloud como as presentes no perímetro da empresa;

– Num mundo globalmente conectado e muitas vezes descentralizado, com maior resiliência na cloud, a segurança é um capacitador de negócio-chave e um diferenciador no mercado. A duplicação não autorizada e as perdas de dados são uma ameaça constante, assim como os ataques físicos contra as redes de difusão – argumentos capazes de afectar decisivamente a experiência do utilizador. Para implementar as salvaguardas necessárias, a indústria global de media & entretenimento deverá optar por abordagens abrangentes e baseadas em camadas de forma a garantir a segurança do dados e da infra-estrutura. Numa altura em que a indústria faz lentamente a transferência de armazenamento no perímetro da empresa para soluções híbridas, vai fazer-se sentir uma maior enfatização nas modernas estratégias e soluções de segurança que asseguram que o conteúdo criativo é mantido em segurança e que a experiência do utilizador está devidamente protegida.

Abraçar o futuro

Ao implementarem uma plataforma end-to-end de armazenamento de dados, de analítica e processamento, as organizações de M&E podem aproveitar os múltiplos benefícios aos seus actuais e futuros projectos. Muito embora a tecnologia de hardware assuma um papel significativo, existe ainda espaço para uma transformação da força de trabalho e para a experimentação com novas estratégias de TI, para assegurar operações mais eficientes que garantam significativas poupanças na despesa e uma maior agilidade organizacional.

Apenas através do aproveitamento de modernas estratégias de TI, juntamente com soluções de infra-estrutura inovadoras, é que as organizações de media e entretenimento podem garantir que as suas operações estão preparadas para o futuro, assegurar os seus activos digitais e transformar os dados de capital para aproveitar todo o valor dos data lakes que conceberam para garantir o futuro crescimento e rentabilidade.

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