A nova era da desconfiança visual chegou: como identificar imagens falsas geradas por inteligência artificial

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Marketeer
04/07/2025
16:30
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Um estudo recente da Kellogg School of Management, conduzido pelo especialista Matthew Groh, revelou uma verdade desconfortável sobre a nossa capacidade de detetar imagens falsas. Mais de 50 mil pessoas participaram no teste, tendo de identificar se as imagens eram reais ou geradas por IA.

Os resultados foram reveladores:

  • Apenas 76% conseguiram identificar corretamente imagens criadas por IA;

  • Só 74% reconheceram imagens reais como autênticas.

Mesmo sabendo que poderiam estar a ser enganados, a maioria acertou pouco mais do que por mero palpite. Como aponta Groh, citado pela revista Inc.: “Os resultados estão algures entre a adivinhação e a perfeição. As pessoas acreditam que são boas nisto, mas a verdade é que não são.”

Este estudo expõe uma limitação fundamental da nossa perceção visual: somos facilmente iludidos por detalhes subtis e artificiais.

A psicóloga cognitiva Arryn Robbins explica que o problema está na evolução do nosso sistema visual. O cérebro humano não está desenhado para analisar minúcias digitais com precisão: “Detetar erros em imagens geradas por IA requer reparar em detalhes muito subtis, mas o nosso sistema visual evoluiu para detetar rapidamente ameaças em movimento, — não para examinar a fundo a proporção dos dedos ou o reflexo num espelho.”

Somos ótimos a captar o conjunto de uma imagem, mas péssimos a notar pequenas incoerências que podem denunciar a sua falsidade. A nossa perceção valoriza a velocidade em detrimento da precisão.

Apesar destas limitações naturais, é possível melhorar a nossa literacia visual com algumas técnicas simples:

  • Abandone o clique rápido e observe com atenção: dedicar pelo menos 10 segundos a analisar uma imagem aumenta a taxa de deteção de falsificações de 75% para 80%.

  • Conheça os erros mais comuns em imagens de IA:

    • Erros anatómicos: mãos com dedos extra, articulações estranhas, rostos assimétricos, olhos desalinhados;

    • Texturas artificiais: ausência de poros, aparência plastificada ou renderizada;

    • Incoerências físicas: sombras contraditórias, reflexos impossíveis;

    • Incompatibilidades culturais ou históricas: elementos fora de contexto, diversidade étnica irrealista.

Praticar a observação crítica é fundamental para desenvolver uma visão mais aguçada no universo digital.

No plano internacional, começam a surgir iniciativas para conter os riscos dos deepfakes.

A União Europeia, através do AI Act, obriga os criadores de conteúdos gerados por IA a identificá-los claramente, garantindo que sejam detetáveis como falsificações, exceto casos artísticos, satíricos ou ficcionais devidamente sinalizados.


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