A diferença entre “doing digital” e “being digital”

Filipa CaldeiraQuando olhamos para a evolução nos últimos 10 anos, não existe um ano, um mês, ou mesmo um dia que seja, em que não apareça um novo elemento que venha confirmar e reforçar o poder do “digital”.

A tecnologia evolui de tal forma, que rapidamente muda a vida das pessoas e os meios de comunicação à disposição das marcas.

Neste momento a maior mudança é a passagem de “doing” para “being digital”.

Começando pelo consumidor, assistimos todos os dias a uma transformação na utilização da tecnologia. Quando ontem estávamos sentados em frente ao PC concentrados a navegar em determinado website, hoje estamos a passear na rua, a andar de metro ou sentados num café, a ver o nosso e-mail, a fazer um post no Facebook, à procura de informação sobre um produto ou local, ou a jogar “angry birds”, tudo no nosso smart-phone. Passámos de uma posição de “doing digital” para “being digital”, para uma vida em que estamos permanentemente conectados.

A mais recente adopção dos tablets, com o iPad como seu exponente máximo, canibalizando a utilização dos PC, vem acelerar este movimento. Utilizávamos o PC na nossa secretária, seja em casa ou no escritório, e hoje até para a casa de banho levamos o iPad! Lemos jornais e revistas, vemos um filme na cama antes de nos deitarmos e até para contar uma história animada aos nossos filhos o utilizamos.

É a nova realidade, uma vida digital durante 24h por dia e 365 dias por ano.

Ainda acredita que algo ou alguém vai travar esta transformação? Basta olhar para mais um sucesso de vendas do último iPhone, do iPad ou do recente Kindle Fire, do contínuo crescimento do Facebook que já vai com mais de 800 milhões de utilizadores, dos quais 350 milhões através de dispositivos móveis, para percebermos que a adopção da tecnologia é massiva e rápida. Gostemos ou não, não podemos fechar os olhos, a partir de agora não utilizamos o meio digital, vivemos imersos num mundo digital.

E o que significa “being digital” para as marcas? Os consumidores já não estão dispostos a dar a sua atenção a um sistema que lhes impunha horários regulares: rádio e jornais pela manhã, televisão à noite … Os consumidores já não estão dispostos a olhar, nem que seja por 30 segundos, para a publicidade que as marcas lhes impõem. Hoje, os consumidores assumiram o papel principal: eles são não só o meio de transmissão, mas também os mais credíveis e influentes no processo de decisão de compra.

As marcas não podem continuar numa lógica de “broadcasting”, têm que mudar significativamente a sua atitude e apostar no “friendcasting”. Para isso é fundamental estar onde o consumidor está e fazer parte da vida dos consumidores através de uma experiência relevante e integrada.

Passamos de um mundo em que temos que pensar em plano de conversação e não estratégia de comunicação, em que o factor cobertura tem que ser substituído por engagement, em que a interacção tem que ser promovida a participação, em que o push marketing tem que passar a facilitar o peer-to-peer marketing alavancado no crescimento das redes sociais.

As marcas têm que deixar para trás o conceito de campanhas de comunicação e apostar em construir uma verdadeira “brand attitude”, que inevitavelmente passa por “being digital”. Não há fórmulas mágicas. Cada vez mais a criatividade e simultaneamente a personalização ganham maior peso. Vamos assistindo, pouco a pouco, a casos de sucesso baseados na criação de conteúdos, histórias, que promovem uma conversa, um diálogo e que fomentam a participação dos consumidores, ajudando assim a criar uma nova e mais apetecível atitude da marca. Uma atitude que todos, e cada um de nós à sua maneira, goste e partilhe!

“Being Digital” é um novo biorritmo. Mais rápido e flexível, baseado neste novo ecossistema digital, mas sem esquecer os objectivos da marca. Fácil, não é! Mas, como sempre, os pioneiros terão vantagens.

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