Após o desastre da queda do avião da Air India, o facto de ter havido um único sobrevivente, que se sentava no lugar 11A, deu novamente azo a que se falasse sobre a possível existência de um “assento milagroso” nos aviões. A associação de defesa do consumidor AirAdvisor analisa o caso e revela quais são, afinal, os lugares mais seguros dentro de uma aeronave.
Foi no passado dia 12 que ocorreu a queda do voo AI188 da Air India, com partida de Ahmedabad. Das 242 pessoas que seguiam a bordo, apenas uma sobreviveu: Ramesh Vishwash Kumar, de 38 anos, consultor britânico, sentado no lugar 11A, mesmo junto a uma saída de emergência.
Esta não é a primeira vez que um passageiro sentado neste lugar sobrevive a um acidente de aviação. Em 1998, o cantor tailandês James Ruangsak Loychusak, que também ocupava o assento 11A, escapou vivo após um acidente de avião que vitimou 101 pessoas.
Estas aparentes coincidências alimentam a lenda de que o assento 11A poderá ser o mais seguro. No entanto, o fundador e CEO da AirAdvisor, Anton Radchenko, esclarece que não existe um “assento milagroso”. Segundo o responsável, o que muitas vezes faz a diferença é a proximidade de uma saída de emergência, o acesso rápido ao corredor, o layout da aeronave ou, simplesmente, a sorte.
O CEO da plataforma de defesa dos direitos dos passageiros aéreos lembra ainda que vários estudos analisaram o posicionamento dos assentos e a segurança aérea. Entre eles, um estudo da Popular Mechanics, divulgado em 2007 e baseado em dados de acidentes desde 1971, sugeriu que os passageiros sentados na parte traseira das aeronaves têm, estatisticamente, maiores probabilidades de sobrevivência em determinados acidentes.
Também uma análise da revista Time de 2015, baseada em dados da FAA (Federal Aviation Administration) dos EUA, conclui que os assentos na parte de trás da cabine estavam associados a uma taxa de sobrevivência ligeiramente mais elevada: cerca de 68%, em comparação com 61% a 62% nas secções dianteira e central.
«Estes números são ainda médias baseadas em cenários muito específicos. Cada acidente é único e a aviação comercial continua a ser extremamente segura: os incidentes graves são raros e as aeronaves modernas são concebidas para maximizar a segurança de todos os passageiros, independentemente da localização do assento», comenta Anton Radchenko. «O assento 11A pode ter sido palco de dois milagres, mas a verdadeira segurança depende da preparação, vigilância e disciplina. A aviação comercial continua a ser um dos meios de transporte mais seguros do mundo. Mesmo assim, quando o inesperado acontece, cada passageiro pode desempenhar um papel activo na sua própria protecção», reforça.